Estamos de volta para continuar nossa explanação sobre a Atividade Física – AF (como gênero) e suas espécies (Exercício Físico e Esporte).
Relembrando, foi falado no ensaio anterior que a AF engloba vários tipos de atividade humana, enquanto há vida pulsante; são atividades relacionadas não somente aos momentos de Lazer (ainda traremos ensaio sobre o tema da Educação para o Lazer), mas também às obrigações e manutenção da própria vida.
Conversamos que o Exercício Físico, nosso tema de hoje, está contido no grande conjunto da AF, não como sendo um complemento, ou mesmo um apêndice dela, mas um tipo de AF, contando com um amplo espectro; iniciamos hoje de forma introdutória, generalizada, para podermos partir a uma conversa mais específica e aprofundada de alguns aspectos mais aproximados da vivência cotidiana.
O Exercício Físico se diferencia de algumas formas da AF generalizada. Podemos citar o aspecto do tempo em que se localiza sua prática durante o dia, sua intensidade, seus objetivos… vejamos: considera-se que a AF (aquelas do cotidiano) é uma vivência corporal onde não se alteram algumas funções fisiológicas do corpo (batimentos cardíacos p.ex.), portanto não se produz performance através dela, uma pessoa que varre a casa está praticando uma AF, mas não é sua preocupação varrer x metros/min (velocidade), nem imprimir uma varredura com força bastante para retirar uma mancha do chão (força), o seu objetivo é limpar seu ambiente residencial de sujeiras superficiais. Isso é feito em um tempo chamado de obrigações do lar (lembro que não considero isso tarefa de determinado gênero, mas de todas as pessoas), não caracterizando tempo livre. Visto isto, o Exercício Físico se mostra como sendo uma atividade que está relacionada a um objetivo determinado, que geralmente está ligado à performance. Há nele um esforço mínimo exigido para alcançar esse objetivo, é necessário um tempo a ser gasto com ele para esse fim, que geralmente, salvo em caso de atletas profissionais, é executado em um tempo livre, importando se sua quantidade e qualidade, a performance, ou simplificando o desempenho. Praticar Exercícios Físicos implica em disciplina e continuidade de forma imprescindível, há de se ter um comprometimento, não somente com a matrícula da academia, mas pessoal, afinal você traçou seus objetivos, o que te impulsiona é o motor da prática.
Fisiologicamente o Exercício Físico produz muitas alterações corporais, momentâneas e de durante um certo tempo, de acordo com a constância e continuidade, “permanentes”, e ainda se foge do físico quando pensamos em estímulos mentais (assunto para outra ocasião). A depender do tipo do Exercício Físico, que já adianto que são vários, algumas alterações transformam agudamente algumas secções do corpo. Explico: a Musculação é uma ótima alegoria para isso, pois sua ação é sentida pelo praticante – principalmente o iniciante – de forma muito clara, em média nos três primeiros meses; o aumento da força é gritante a cada semana, o que induz ao erro do desejo do aumento da carga nos exercícios, trazendo ao Educador Físico da academia uma enorme dor de cabeça, já que o aumento da força não acompanha o desenvolvimento da aptidão das articulações, ela é mais rápida, coisa que a pessoa praticante não entende e aumenta o peso mesmo sem autorização, causando em alguns casos lesões que acabam por retirá-la do exercício. Os resultados da Musculação nesse período é muito animador, é “ganho em cima de ganho”. Em termos estéticos isso se traduz em uma satisfação pessoal animadora, a gordura acumulada nos músculos passam a ser consumida, principalmente nos momentos de repouso, pois o metabolismo basal aumenta (músculo ativo é caro para se manter), daí vem a máxima: o repouso é mais importante… apesar de que sem o treinamento o repouso nesse sentido não traria benefício algum, a não ser acumular mais e mais as energias ingeridas. Dessa forma a silhueta diminui e a pessoa se sente mais confortável dentro da roupa, diminui a numeração, apesar de o peso se manter ou até mesmo aumentar, pois o músculo ativo pesa mais.
A variedade de espectros do Exercício Físico nos possibilita afirmar que é possível, até para as pessoas mais arredias ao esforço, encontrar algo que se encaixe em seu ritmo e modo de vida. Essa variedade se liga a alguns aspectos característicos de grupos de qualidades e capacidades presentes em todos nós, respeitando as individualidades tão próprias do seres humanos.
Em que implicam essas qualidades e capacidades? De forma bem pessoal, elas podem se destacar mais predominantemente em uns que em outros, dado que não seguimos um padrão de estímulos ambientais, incentivos, orientações e mesmo vontade, que atinja todos nós uniformemente
nem ao mesmo tempo. Como já falamos, os seres humanos são únicos.
Então temos as qualidades físicas como sendo habilidades bem definidas em relação a cumprimento de tarefas, como a coordenação motora, o equilíbrio, a lateralidade, reflexo, entre outras. Já as capacidades, que nos traz a ideia de poder fazer, não necessariamente fazer bem, mas fazer, é o caso do desenvolvimento da força, velocidade, resistência aeróbica e anaeróbica. Não é estranho possuir predominância de um a mais que outro, lembramos mais uma vez a individualidade do ser humano. Daí onde confirmamos que a vasta opção de Exercício Físico possibilita que sua adesão, quando bem orientada por um profissional da área, seja exitosa, bastando um pouco de boa vontade e foco no objetivo.
Durante a infância as experiências vividas nos mostram as diferentes manifestações das predominâncias, seja das qualidades seja das capacidades. Há uma certa diferenciação entre gêneros, não consideramos como sendo regra, mas nota-se certas tendências do gênero feminino às qualidades físicas, atividades como as de coordenação motora fina, como a brincadeira com bonecas, com as pequenas peças de roupas para bonecas, manipulando, desenhando, trocando; já no gênero masculino há uma predominância maior de brincadeiras mais explosivas, de corrida em velocidade, de arremesso, até de lutas, relacionando o gênero mais dado às capacidades físicas. Estamos falando do momento da primeira infância, logicamente que com o decorrer do tempo, as preferências vão definindo e apurando o gosto para as mais diversas possibilidades, inclusive porque estão muito sujeitos aos estímulos ambientais a que as crianças são expostas.
O que tentamos mostrar é que o Exercício Físico é possível para todas e todos, seguindo orientações profissionais assim como o desejo de engajamento.
Apesar de não concordar plenamente com a ideia de o Exercício Físico ser receitado como remédio, ele tem uma forte ligação com a Saúde. Se fizermos um esforço de memória, podemos encontrar poucas gerações antes da nossa podemos ver que nossos ancestrais tinham uma forma de vida bem mais ativa que as nossas; se nos esforçarmos mais um pouco podemos deduzir que eles não encontravam supermercados onde de uma vez achamos tudo que precisamos em uma só viagem, e encontramos os produtos, muitas vezes, já processados, quase pronto (ou prontos) para consumo direto, isso sem se falar no “deliveres” da vida.
Nossos ancestrais tinham um gasto calórico consideravelmente alto, somente para manutenção da vida diária, não havia para a população de forma geral, tantas facilitações, o deslocamento geralmente era feito de maneira ativa, se carregava pesos constantemente, o trabalho era feito de forma forçosa e tudo isso foi se perdendo com as comodidades da vida urbanizada.
Então para nosso tempo é necessário compensar esse histórico com algo que compense a vida sedentária e suas complicações, por isso as academias e suas estratégias, com nomes em outras línguas, se transformam no local para se atualizar no esforço físico perdido pelas gerações..