Mossoró e Natal reabrem economia, mas deveriam estar sob lockdown
Com aumento dos casos e de óbitos, e sem leitos de UTI disponíveis, cidades ignoram recomendação científica
O Governo do Estado iniciou hoje o plano de retomada da economia potiguar. Restaurantes, lanchonetes e food-parks estão autorizados a voltar a funcionar a partir desta quarta-feira, 1/7. Os prefeitos Álvaro Dias (PSDB) e Rosalba Ciarlini (PP) flexibilizaram ainda mais as regras. Em Mossoró, o decreto permitindo a reabertura de vários segmentos da economia passa a valer a partir de hoje. Em Natal, comércios e serviços reiniciaram atividades ontem.
Apesar da decisão da governadora Fátima Bezerra (PT) e Álvaro Dias e Rosalba Ciarlini, Mossoró e Natal deveriam estar endurecendo as regras do distanciamento social, com decretação do lockdown (bloqueio total). É o que apontam boletim do Comitê Científico do Nordeste. O órgão mostrou preocupação com a decisão dos Estados de reabrir a economia e em junho voltou a recomendar o bloqueio total nas duas principais cidades norte-riograndenses na hipótese de se manter a situação epidemiológica atual. Com o crescimento das contaminações e a taxa de ocupação dos leitos de UTI se mantendo em patamares superiores a 90%, Mossoró e Natal deveriam estar sob lockdown.
O Comitê ressalta que “graças às medidas de isolamento social determinadas pelos Estados e Municípios do Nordeste”, é possível verificar uma leve diminuição no ritmo de crescimento de casos confirmados e de óbitos causados pela Covid-19 num prazo de 10 dias, o que reforça a eficácia da medida para combater a proliferação da doença.
Por conta do aumento dos casos confirmados da doença e de óbitos, o Comitê reitera a necessidade de manter o isolamento social rígido (lockdown) dos Estados e municípios que decretaram essas medidas, anteriormente. “Além disso, o Comitê sinaliza, pela segunda vez, que essas medidas também deveriam ser adotadas, imediatamente, pelas Prefeituras de Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte”, destaca o mais recente boletim do órgão, pedindo urgência na adoção da medida.