CRÔNICA

MEDIDAS E APRESENTAÇÕES

No mercado formal existem normas para regular a apresentação de produtos (caixas, garrafas, frascos, unidades etc) e as medidas (600ml, 320g, 20 unidades etc). Mas a comercialização de determinadas mercadorias com base em referências diferentes já foi mais comum. Algumas, de tão restritas a certos locais podiam causar estranheza a quem não conhecia.

Ainda é possível encontrar em alguns lugares o litro como medida para venda de feijão verde, camarão e algumas frutas. Interessante é que essa medida é feita com o uso de latas originalmente empregadas na embalagem de óleo de cozinha e que medem 900ml e não um litro, 1000ml. Isso para o óleo ou azeite que ocupam todo espaço do recipiente. Algumas frutas, por exemplo, cujo formato determina espaços vazios entre elas, caso fossem transformadas em uma massa compacta nem aos 900ml iria corresponder.

Medida curiosa era a meia-garrafa, referência para venda de alguns líquidos. Curiosa porque garrafa é um recipiente com determinadas características e sua definição não está associada a um volume em particular, ou seja, uma garrafa pode ter o volume de um litro ou qualquer outro possível e adequado a seu conteúdo. Mas o que era aceito como meia-garrafa era a garrafa de 290ml, geralmente embalagem original de refrigerantes e que talvez estivesse referida à ideia da de cerveja, de 600ml, como uma garrafa inteira.

A libra é uma unidade do sistema inglês de pesos e medidas e corresponde a pouco menos de 500 gramas. Que eu saiba, nunca foi usada por aqui. Mas a meia-libra era comum se ouvir em pequenas bodegas quando alguém queria ou apenas podia comprar pequenas quantidades, principalmente açúcar. Meia-libra era então outra maneira de pedir 250 gramas de alguma coisa.

A “mão” é um sistema primitivo de medidas que consiste em uma quantidade que se pode abranger com uma mão. Mas, entre nós, pode significar muito mais que isso. Uma mão de milho, por exemplo, corresponde a determinada quantidade de espigas, mesmo que precise usar os braços.

Forma singular de apresentação era a “palha”. Peixes ou arribaçãs (quando a caça era permitida) em quantidade ao arbítrio do vendedor eram trespassados com uma palha de carnaúba ou coqueiro formando uma alça e o conjunto vendido como “uma palha de peixe”, “uma palha de arribaçãs”, assim por diante. O comprador avaliava se a “palha” e o preço eram compatíveis.

Como se vê, algumas medidas relacionavam-se ao sistema formal. Outras supunham critérios mais difíceis de entender. Mas se clientes e vendedores convencionavam que 900 ml (ou menos) era um litro, como em todo comércio, o pacto entre as partes era válido.

Notícias semelhantes
Comentários
Loading...
Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support