Médica denuncia falta de insumos no HRTM
Hospital Regional Tarcísio Maia é a principal unidade de saúde de Mossoró e um dos indicados em casos de suspeita de coronavírus no estado.
O Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, indicado para casos de coronavírus, tem sofrido com a falta de medicamentos, equipamentos e insumos que são fundamentais no combate e no tratamento da doença. É o que relatam médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde lotados no hospital neste período de pandemia.
Nesta semana, a médica Samila Pinheiro fez um desabafo nas redes sociais que ganhou repercussão. Nele, ela disse que ter os profissionais de saúde e alguns equipamentos, mas não ter requisitos fundamentais como exames, gasometria, e eletrólitos “é como dirigir um carro sem volante”. “Isso é o que guia você. Sem isso, você não tem como saber se o tratamento está sendo feito adequadamente”, falou.
Ela explicou que a gasometria, por exemplo, é um tipo de exame fundamental nesse cenário de tratamento para casos de coronavírus. É um exame de sangue colhido de uma artéria que mede situações como a pressão de oxigênio, gás carbônico e bicarbonato. “Se não tem gasometria, não tem a menor condição de manejar adequadamente a ventilação mecânica. Isso compromete e muito o tratamento do paciente”, explicou.
“Isso é algo muito, muito básico. Não tem condições de enfrentar uma epidemia de coronavírus dessa forma, sem as medicações, sem gasometria e sem os exames básicos necessários”.
Mossoró registra, até esta quarta-feira (8), cinco de 11 mortes por coronavírus no Rio Grande do Norte.
A médica cita que ainda faltam outros equipamentos como glicosímetros, oxímetros e tensiômetros, além de insumos e exames como sódio, potássio, eletrólitos, coagulograma e até tomografia. Entre os medicamentos em falta estão antibióticos, anticonvulsivantes e medicações para realizar a intubação orotraqueal.
Segundo Samila, nenhuma previsão foi dada para a chegada desses equipamentos, exames e medicamentos. “Mas é algo que precisa estar presente todos os dias. É uma coisa urgente, básica, que não tem como ficar sem”, frisou ela. Outro fator alertado pela médica é a falta de álcool em gel. “Nas enfermarias, não tem álcool em gel para os pacientes e familiares”, diz.
Samila explica que não é possível trabalhar de forma adequada com tantas faltas e a solução geralmente é adaptar. “O que os colegas costumam fazer é adaptar. Às vezes trocam uma medicação por outra”.
O Hospital Regional Tarcísio Maia é um dos indicados no estado em casos de coronavírus. Na terça-feria (7), a governadora Fátima Bezerra (PT) anunciou que a unidade abriu 10 novos leitos de UTI para atendimento de pessoas com a Covid-19. A intenção é que nos próximos dias mais 10 sejam abertos – o hospital já conta com outros nove leitos.
G1 RN