Material escolar está 18% mais caro, segundo Procon
O levantamento foi realizado nas primeiras semanas do ano.
Pesquisa do Procon Natal constatou que o preço do material escolar teve um aumento de em média de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Outra constatação da pesquisa é de que muitos itens têm preços mais acessíveis em lojas de atacado. O levantamento foi realizado nas primeiras semanas do ano.
Foram pesquisadas 15 quinze papelarias, 4 comércios atacadistas de material escolar e duas lojas de departamentos na cidade do Natal, selecionadas entre as maiores e mais tradicionais do mercado, nos bairros do Alecrim, Centro, Tirol, Cidade da Esperança, Candelária e Lagoa Nova. A pesquisa foi realizada entre os dias 03 e 17 de janeiro de 2022, com a equipe de pesquisadores do Núcleo de pesquisa do Procon.
Em média, os custos dos itens pesquisados de material escolar nesse ano foi de R$ 202,00 enquanto que na pesquisa anterior foi de R$ 165,25, em dezembro de 2020. A variação foi identificada em 65% dos itens pesquisados de um ano para o outro, ou seja, 26 itens da pesquisa tiveram reajuste de preço em média em relação à pesquisa anterior. Em destaque, o esquadro plástico transparente de 16 cm. O preço atual, em média, é R$ 2,79 e na pesquisa anterior o preço médio dele foi encontrado a R$ 1,37. Isso representa uma variação de 51%, ou seja, um aumento em reais de R$ 1,42.
Os estabelecimentos com maior variedade de produtos encontrados foram a Braskendy papelaria na cidade da esperança com 97,5% e as Papelarias Nacional e Confiança, no bairro do Alecrim, ambas com 95% de produtos encontrados da lista de produtos. A Iskisita do Alecrim e do Shopping Via Direta com 90% e 82,5% respectivamente, como também a Casa Norte com 80%, foram os estabelecimentos com maior variedades encontrada pelos pesquisadores no seguimento atacado.
Os dados mostram que em apenas 22,5% dos itens da cesta de produtos pesquisados pelo Procon há vantagem de se fazer a aquisição nas papelarias. É o caso do caderno de desenho grande espiral com 96 folhas, que nas papelarias o preço médio foi de R$ 6,35, e nos estabelecimentos de venda em atacado o preço médio encontrado foi de R$ 8,64, e isso representa uma variação de 26,46%. O preço médio desse item em todos os estabelecimentos foi de R$ 6,81.
Para os pais ou responsáveis que desejam pesquisar e economizar, a opção são os estabelecimentos de atacado, uma vez que os dados analisados mostram que a vantagem chega a 133,92%. É o caso da cola bastão onde nas papelarias o preço médio encontrado foi de R$ 2,37, nos comércio de atacado o preço médio desse item foi de R$ 1,02, ou seja, uma economia de R$ 1,35 centavos.
Pais e responsáveis relatam dificuldades
Sílvia Pinheiro esteve na Loja do Estudante no bairro Tirol para comprar o material escolar de seus dois filhos, Rodrigo e Alice. “Ele está no nono ano e Alice está no quarto do ensino fundamental. Senti um aumento nos preços mas todo ano tem esse reajuste. Até procuro comprar logo que sai a lista de materiais em novembro porque sei que quando vira o ano isso vai acontecer. Dezembro foi muito cheio e terminei deixando para agora e já sinto essa diferença. Geralmente, resolvo tudo nessa loja ou na Câmara Cascudo porque eles dão um bom desconto e facilitam a compra. Gosto de prestigiar o comércio local, sei que as lojas sofrem muito com as vendas na internet então prefiro apoiar”, comenta.
Com 46 anos de empresa, Vitor e Norman Lemos são proprietários de duas gerações diferentes. Pai e filho conversaram com a reportagem sobre as dificuldades no setor de livraria e papelaria. Norman relatou que a venda no local tem tido certa regularidade, mas a expectativa é que aqueçam nas últimas semanas de janeiro. “Houve um acréscimo em tudo, trabalhamos muito com produtos importados e a alta do dólar afetou nesse sentido. Enxugamos a quantidade de empresas com quais trabalhamos e buscamos oportunidades de promoções junto aos fabricantes porque o cliente sente isso e tentamos repassar o mínimo possível. Existem falta de insumos no mercado para canetas de certas cores, como a preta. Não recebemos nossa carga completa de mochilas porque também está em falta com o fornecedor. A Faber Castell, por exemplo, tem vários produtos em falta de estoque e previsão de retorno de produção só em fevereiro”, explica Vitor.
Mãe de trigêmeos, a natalense Andreza Bezerra tem gastos triplicados durante esse período. “Todo ano faço uma pesquisa de preços e não é fácil porque tenho três crianças. Hoje tudo está muito caro, e como sempre, os valores dos materiais estão altíssimos. Sempre fiz e nunca deixei de fazer pesquisa, não é fácil para quem tem um, imagine para quem tem três. Já pesquisei em umas seis livrarias, aqui na Câmara Cascudo tem alguns itens com preço melhor e eu compro dessa forma, nunca em um único lugar”, relata.
Segundo Maura Andrade, gerente administrativa da Livraria Câmara Cascudo, desde o início da pandemia, os preços dos produtos no segmento vem aumentando bastante e a procura dos clientes tem diminuído. Uma das alternativas encontradas foi a utilização do WhatsApp como um canal de vendas online. “Outro problema é que a grande maioria das escolas aqui no RN não liberam as listas para as livrarias, assim o que acontece é que muitos pais procuram determinado produto e não temos em estoque”, diz.
“Temos alguns itens que registram até 30% de aumento e quando chega para o consumidor final entendemos que é assustador. Temos várias opções: se os pais quiserem um preço mais em conta vão encontrar aqui e se os pais quiserem uma marca melhor também temos. Estamos trazendo material que atenda todos os públicos mas realmente com um aumento expressivo devido ao mercado. Infelizmente, é uma falta de insumo no mundo”, explica a gerente.
Mudanças nas escolas também afetam o setor
Na Casa do Colegial, localizada no Alecrim, o movimento pela manhã de segunda era baixo e poucos clientes buscavam atendimento na loja. Para o proprietário Valério Barbosa, o setor do varejo de livrarias está muito reduzido por inúmeros fatores. No entanto, a venda pela internet não pode ser colocada como a grande vilã. “Tenho 34 anos nesse ramo comercial de livraria e papelaria e tem tido uma mudança muito grande na comercialização de livros e material escolar. Hoje, a politica comercial que as escolas estão utilizando ao vender livros e cobrando uma taxa de material escolar, tem sido um fator determinante para retirar o aluno e os pais dos alunos do varejo das livrarias”, aponta.
“Outra coisa é a venda de livro didático que tem mudado bastante com os sistemas de ensino. Esse material não é revendido das editoras para as livrarias, os sistemas orientam as próprias escolas para que o material didático seja vendido lá. Vemos isso com bastante preocupação porque nesses casos os responsáveis não tem uma livre escolha para decidir onde comprar e com qual preço. Quem determina o preço do produto é a concorrência, quando não se tem isso, o preço do produto não tem base de valor real. Andando nas livrarias de Natal, você deve perceber um movimento bem reduzido e devia estar mais aquecido. Infelizmente, quem sofre mais são os pais que não tem muita escolha sobre suas compras”, finaliza.
Tribuna do Norte