OPINIÃO

Maria Auxiliadora da Silva: A artista da cultura afro brasileira

Por:  LÍGIA MARIA SARAIVA TEIXEIRA


Maria Auxiliadora da Silva, patrona da cadeira 13, nasceu em Campo Belo MG foi Pintora autodidata em artes plásticas, que iniciou sua produção artística por volta de 1954.

Filha de Maria Trindade de Almeida Silva (1909-1991) – era escultora, pintora, poetisa e bordadeira -, e José Cândido da Silva, um trabalhador braçal da estrada de ferro (tocava acordeão de sete cordas), veio para São Paulo com a família. Na capital paulista foi doméstica e passadora de roupa. Em 1954 iniciou sua produção em guaches e lápis-de-cor; e em 1967, após sofrer grave cirurgia, decidiu pintar, primeiro na casa dos pais, depois em sua própria residência.

1968 – Ligou-se ao grupo do poeta e teatrólogo negro Solano Trindade em Embu, São Paulo, e realizou sua primeira mostra individual. Solano Trindade havia criado um núcleo artístico em Embu das Artes, grupo que mantinha ligação especial com a herança cultural afro-brasileira. Mas Embu foi tomada pelos hippies e Auxiliadora resolveu levantar âncora, indo expor na Praça da República, na capital paulista.

1970 – O marchand alemão Werner Arnhold levou para a Europa trabalhos seus, recebidos com entusiasmo.

1971 – Realizou mostra individual nas dependências do Serviço de Divulgação e Relações Culturais dos EUA – USIS, em São Paulo, por recomendação do físico e crítico de arte Mário Schemberg.

1972 – Matriculou-se num centro de alfabetização, em São Paulo. Pouco depois foi acometida de um câncer fatal, indo a óbito em 1974.

1977 – A editora italiana Giulio Bolaffi publicou a monografia Maria Auxiliadora da Silva, com texto de Max Fourny, um especialista em arte primitivista.

1978 – A obra de Maria Auxiliadora foi enfocada no livro Mitopoética de 9 Artistas Brasileiros, de Lélia Coelho Frota.

Segundo críticos, sua obra situa-se na fronteira entre a arte ingênua e a art brut. Em sua vida atribulada pintou apenas durante sete anos, entre 1967 e 1974, porém, foram tão marcantes seus trabalhos, que lhe conferiram um lugar do maior destaque entre os primitivistas nacionais. Ela realizou procissões, danças populares, cenas do carnaval, do campo e das cidades. Uma de suas características marcantes foi a frequente utilização do branco, proporcionando efeitos sutis e de extrema leveza plástica. No final da vida, a doença povoou suas telas de anjos, grinaldas, ambulâncias e funerais.

Maria Auxiliadora conquistou reconhecimento nacional e internacional com suas obras que retratam cenas da vida doméstica e rural, religiões afrobrasileiras, danças, festas, carnaval, temáticas populares, brasileiras e aspectos da vida urbana e cotidiana em comunidades da cidade de São Paulo, como por exemplo os bairros Brasilândia e Casa Verde. Realizou ainda autorretratos, principalmente perante a proximidade da morte, retratando sua batalha com a doença.

Provém de uma família de 18 irmãos, muitos dos quais artistas que expuseram seus trabalhos em feiras populares no Embu das Artes e na Praça da República, em São Paulo. Pertencem a família Silva o desenhista e pintor Sebastião Candido da Silva (1929 – 2016), o escultor Vicente Paulo da Silva (1930-1980); o artesão e pintor Benedito da Silva (1953-1998); o desenhista, o pintor e escultor João Cândido da Silva (1933) e sua esposa, a pintora Ilza Jacob da Silva (1946); a pintora Conceição Aparecida Silva (1938); a poeta Natália Natalice da Silva (1948); a pintora e criadora de bonecos Georgina Penha da Silva, mais conhecida por Gina (1949); e a contadora de histórias Efigênia Rosário da Silva (1937).


Lígia Maria Saraiva Teixeira, É bacharel em contabilidade, Artista plástica, atriz, declamadora e poetisa. Nasceu aos 22 de outubro de 1973, em Brejo do Cruz – PB. Filha de João Teixeira Filho e Maria José Saraiva dos Santos. Começou a declamar poesia ainda menina. Aos 17 anos apresentou seu primeiro trabalho como atriz, e em 2007, iniciou sua carreira como artista plástica, participou de varias exposições de artes plásticas em algumas cidades do Rio Grande do norte.

Lígia Morais, como é artisticamente conhecida é produtora cultura, especialista em elaboração de projetos culturais, membra do CMPC (Conselho Municipal de Políticas Culturais de Mossoró – RN. É membra da AFLAM (Academia de Letras e Artes Mossoroense), segunda ocupante da cadeira 13.

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