Mais de 50% dos municípios defendem lockdown nacional
Dados são de pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios junto a prefeitos
Quase 53% dos prefeitos das cidades brasileiras se dizem favoráveis ao estabelecimento de um lockdown nacional para o enfrentamento da pandemia e a diminuição no número de óbitos. Os dados são de pesquisa da Confederação Nacional de Município (CNM) e que foi respondida por 3.079 gestores locais.
Denominada de pesquisa semanal, o levantamento é realizado pela CNM e os números mais recentes é de consulta feita aos prefeitos entre 28 de junho e 2 de julho.
Pelo menos 1.234 gestores municipais aprovam um fechamento nacional por 15 dias. Outros 350 defendem tempo maior do que esse, de 21 ou 30 dias.
Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski o lockdown é uma forma de evitar o “sangramento” no qual o país se encontra, com quase duas mil mortes diárias e vacinação ainda oscilante. Ele destacou que a maioria da população adulta deve estar totalmente imunizada apenas no início de 2022, e lembrou do risco de falta de leitos diante da circulação de novas cepas.
“Entende-se que é o momento, no mês de agosto, de se decretar e cumprir um lockdown como fizeram outros países que tiveram sucesso e alguns Municípios do Brasil. Para poder interromper e colocar o vírus no chão, o ideal cientificamente é 21 dias, mas com 15 já seria uma hipótese real. Fecharíamos os aeroportos e deixaríamos só os serviços essenciais”, disse. Ziulkoski acredita que a medida faria o número de contaminação diminuir e evitaria uma maior mortalidade no país.
Ele também apresentou estudo da CNM com a projeção de vacinação no país se houvesse uma maior distribuição de imunizantes por parte do governo.
Segundo os dados da entidade, toda esta população estaria vacinada com a dose 1 em maio e com o esquema vacinal completo (D1+D2) em setembro de 2021, mantendo-se a aplicação diária de 1.393.415 doses, dia com maior aplicação de doses no Brasil de acordo com base do Ministério da Saúde.
Medidas de isolamento social, como fechamento de serviços não essenciais e outras ações já eram adotadas por 76% dos Municípios, na semana da pesquisa. Esse percentual vem se mantendo nessa faixa desde a primeira edição da pesquisa, em março deste ano.
Leitos
Sobre a ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nesta semana, 21,5% dos Municípios estavam com a capacidade acima de 95% ocupadas, ou seja, mais de 660 cidades; acima de 90% tinham 17,8%. Ziulkoski destacou que 13% dos pesquisados estão com risco de faltar o chamado “kit intubação”.
Tal cenário, conforme aponta o presidente da Confederação, é muito preocupante, já foi mais agudo, mas continua forte. Quando o assunto é o número de mortes, Ziulkoski alertou: “estamos nos acostumando e achando que estamos melhorando, mas se não tivermos cuidado, voltaremos a ter a rede de saúde colapsada”. Desde julho de 2020, os leitos UTI Covid estão cheios, só o gasto federal foi de R$ 8,55 bilhões.
Mais de 21% dos Municípios afirmam aumento do número de pessoas infectadas e a manutenção de novos infectados em níveis altos pela quarta vez consecutiva. Os maiores aumentos – 23% e 22% – estão concentrados em dois polos – Municípios grandes e pequenos. E mesmo com a redução da quantidade geral de mortes, em 16,1% dessas localidades ocorreu aumento.