Mundial de surfe

Ítalo Ferreira é recebido com grande festa no aeroporto de Natal

Potiguar conquistou o troféu da Liga Mundial de Surfe (WSL) na última quinta-feira (19)

De Baía Formosa para o mundo. Ítalo Ferreira, o mais novo campeão mundial de surfe, desembarcou na manhã desta segunda-feira (23) no Aeroporto Aluízio Alves, em São Gonçalo, carregando o troféu da Liga Mundial de Surfe (WSL) conquistado em Pipeline, no Havaí, na última quinta-feira (19).

Recepcionado pela governadora Fátima Bezerra, o surfista recebeu o reconhecimento do Governo do RN através da certificação por mérito de Embaixador do Esporte do RN.

“Sabemos que sua história é carregada de muito sucesso e superação e os norte-rio-grandenses se orgulham de você, nosso primeiro nordestino campeão mundial de surfe. Parabéns, Ítalo Ferreira!”, disse a governadora no aeroporto, onde ele foi recebido como um herói. O atleta de origem humilde de “BF” – Baía Formosa, como é conhecida a paradisíaca cidade onde ele nasceu, destino turístico bastante procurado por surfistas e situado a 90 km de Natal, na divisa com a Paraíba –, agradeceu o carinho da plateia e também o título de embaixador entregue pela governadora. “Eu só tenho a agradecer por essa conquista. Isso tudo é um sonho”, afirmou.

No aeroporto, seus pais Katiana e Luís Ferreira, além de outros membros de sua família, amigos e fãs de diversos lugares, e em especial de sua cidade, Baía Formosa, estavam à sua espera. De lá o acompanharam em carreata até a entrada da cidade de Natal, na altura do pórtico dos Três Reis Magos. Na ocasião, ele trocou de carro e foi recebido pelo comandante do Corpo dos Bombeiros, Coronel Luiz Monteiro, e seguiu em carro aberto da corporação até o Centro de Convenções. O surfista de Ponta Negra, Jadson André, que perdeu para Ítalo numa das baterias da etapa de Pipeline, também seguiu com o campeão.

A entrega do título foi articulada pela Secretaria de Turismo e pela Empresa Potiguar de Promoção Turística (EMPROTUR) e está alinhada com a estratégia de promoção turística do Estado, focada em segmentos, tendo o turismo esportivo e de aventura como um dos pontos de destaque. “A proposta é trabalhar destinos de surfe como Baía Formosa e Pipa, no litoral Sul; kite e wind surf, em São Miguel do Gostoso e Maxaranguape, no Litoral Norte, para atrair eventos esportivos e praticantes dessas modalidades para o estado”, disse o diretor do órgão, Bruno Reis.

O atleta desembarcou às 9h30 e, tanto dentro quanto fora da aeronave, ele distribuiu sorrisos, posou para selfies e recebeu o entusiasmo dos fãs. Agora, quem nunca ouviu falar em Baía Formosa, já sabe que se trata da cidade berço de um campeão mundial de surfe, que integra o seleto grupo de campeões mundiais e mais seleto ainda quando se trata de brasileiros nessa lista: Gabriel Medina, bicampeão mundial (2014 e 2018), Adriano de Souza, o Mineirinho (2015), até o atual Ítalo Ferreira.

A carreata, organizada pela família, contou com aparato de segurança da Polícia Rodoviária Estadual, que acompanhou o percurso com seis viaturas e quatro “batedores” de motocicleta, além da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O senador Jean Paul também estava presente no aeroporto para receber o campeão.

CULTURA SURFE

O atleta de 25 anos aprendeu a surfar ainda criança. No início, pegava ondas escondido dos pais, que não viam este esporte como um bom caminho.

Mas a vocação prevaleceu. Várias vezes ele pegou uma tampa de caixa de isopor para cair no mar, até ganhar a sua primeira prancha. Antes de ser descoberto por seu técnico, Luiz Pinga, e obter o primeiro patrocínio, era através do esforço dos pais que ele conseguia participar das competições. Após sua boa performance nos pódios, a situação se inverteu: com ajuda do atleta, que desde 2015 está no circuito mundial, Katiana ampliou a pousada da família e adquiriu o bar e restaurante anexos. O pai continua trabalhando como comerciante de pescados.

Ítalo começou a surfar por incentivo dos primos Biano e Helinho, que lhe deram as primeiras aulas na Praia do Porto, onde ele foi criado. Lá, ocorre um famoso “pico” de ondas chamado pelos surfistas de “Picão”, que é considerada a escolinha para crianças e adultos, pela regularidade de ondas, consideradas perfeitas para iniciação no esporte. No entanto, a grande referência para o surfista campeão do mundo e para os demais atletas locais é o Pontal de Baía Formosa, que lapidou seu conterrâneo Alan Jhones, um dos cinco melhores do campeonato brasileiro deste ano, e o paraibano Fábio Gouveia.

Menino ainda, Ítalo começou a competir e a faturar o pódio nas principais competições estaduais e regionais, até ser descoberto aos 12 anos por Luís Pinga Campos, seu técnico até hoje. O surfista colecionou vitórias em campeonatos mundiais juniores e se tornou campeão brasileiro em 2014. Foi naquele ano que ele desbancou Medina numa competição e conquistou a vaga para o circuito mundial, da Liga Mundial de Surf (WSL).  Em 2015, inicia sua carreira no circuito mundial, quando no primeiro ano já foi considerado o competidor revelação da competição. O ano de 2019 foi estratégico para o surfista campeão do mundo, com a garantia, junto com Gabriel Medina, de uma das duas vagas para as Olimpíadas de Tóquio 2020.

O atleta coleciona diversas histórias de sucesso e superação. Uma delas ocorreu este ano quando ele foi assaltado nos EUA e perdeu bagagens, pranchas e o passaporte. De última hora, conseguiu embarcar para Tóquio para os Jogos Mundiais da Isa, passagem obrigatória para a conquista de uma vaga para as Olimpíadas. Acabou ganhando a competição e garantindo sua vaga.

A primeira bateria foi ganha com prancha emprestada do surfista Filipe Toledo e de bermuda jeans, porque ele chegou em cima da hora. O surfista chegou ao Havaí como líder do circuito. Durante o ano, ele conquistou três títulos de etapa, dois vice-campeonatos e duas quartas de final: ou seja, em sete das 11 etapas, o potiguar esteve entre os primeiros.

O título mundial, sonho de todo menino surfista, foi alcançado no ano em que ele perdeu uma de suas maiores referências familiares, sua avó materna Maria. Como a maioria dos jovens de Baía Formosa, ele é considerado um rapaz altamente ligado à família. E, ao se sagrar campeão em Pipeline, estava muito emocionado e dedicou o título à avó e ao tio que também faleceu em 2019.

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