Mossoró

Feministas cobram investigação sobre o caso Bia Beatriz

O grupo cobra investigação da Polícia Civil.

A Coletiva Motim Feminista divulgou um manifesto cobrando investigação sobre o caso da travesti Bia Beatriz – popularmente assim conhecida nas ruas de Mossoró, que está internada há quatro dias no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), após sofrer um mal súbito em um bar no centro da cidade.

Segundo o grupo, Bia pode ter sido espancada antes de sofrer o desmaio dentro do estabelecimento. Diversos profissionais relataram que a quantidade e a gravidade de lesões não era compatível com uma mera queda – mas sim com o espancamento.

Confira a nota da coletiva:

Justiça para Bia Beatriz: Exigimos investigação policial independente e a intervenção de uma perícia médico-legal para apurar indícios de espancamento e de tentativa de homicídio.

Há mais de três dias internada, a travesti Bia Beatriz – popularmente assim conhecida nas ruas de Mossoró – está sofrendo em um leito do Hospital Regional Tarcísio Maia, vítima de fortes ferimentos e traumas internos. Sua internação foi acompanhada da divulgação fotos de Bia deitada junto a duas poças de sangue no Hotel Caraúbas, bem como um vídeo em que ela – com as pernas trêmulas e sem conseguir se sustentar – cai no interior de um bar localizado no Hotel Caraúbas. Rapidamente, promoveu-se uma versão de que todas as lesões que Bia sofreu foram decorrentes dessa queda, possivelmente na tentativa de dar por resolvido o episódio e impedir a apuração do que poderia (e conta com inúmeros indícios de que seja) um crime de ódio. Consequentemente, não faltaram julgamentos e culpabilização da própria vítima sobre todo o infeliz ocorrido, reforçando uma situação de impunidade.

Ao chegar no Hospital Tarcísio Maia, diversos profissionais relataram que a quantidade e a gravidade de lesões não era compatível com uma mera queda – mas sim com espancamento. A queda que Bia sofreu pode ter dado causa à fratura no nariz e algumas lesões na face – mas é incapaz de explicar seus olhos roxos (evidentes em fotos compartilhadas nas redes sociais), o politraumatismo no crânio, rosto e tórax, lesões na nuca e espalhadas pelo corpo. O próprio prontuário médico questiona esta versão dos fatos que resume o acontecimento a uma mera queda. Os vídeos das câmeras de segurança, compartilhados exaustivamente nas redes sociais, permitem perceber que Bia já estava trêmula e incapaz de se manter em pé desde quando entrou no Hotel Caraúbas

O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT no mundo. E a expectativa de vida de uma pessoa trans é de apenas 35 anos. Mossoró surge, nesse cenário, como um espaço onde a violência é um sintoma do ódio. É nosso dever desconfiar de toda narrativa que culpabilize exclusivamente a vítima. A Coletiva Motim Feminista vem por meio desta nota afirmar que vidas trans importam, exigindo que esta possível tentativa de homicídio seja investigada enquanto tal. Exigimos investigação policial independente e a intervenção de uma perícia médico-legal para aferir se houve espancamento. Chamamos aliadas e aliados a fortalecer as campanhas de solidariedade e arrecadação de alimentos e itens básicos realizados em prol de Bia Beatriz, bem como se somar ao chamado de pressionar as autoridades a promover investigação e possível punição, no caso de ser confirmada a agressão física. Por mim, por nós, pelas outras e por todas as mulheres vivas!

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