CRÔNICA

FALANDO EM FORRÓ

Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Sivuca. Três nomes citados, geralmente, como maiores responsáveis pelo prestígio da nossa música para além da região. O que em nada diminui a importância de outros que figuram de modo obrigatório em qualquer abordagem da história da música nordestina. Abdias, Zé Calixto, Luizinho Calixto, Assisão, Pedro Sertanejo (pai do também sanfoneiro Oswaldinho), Zé Gonzaga (irmão de Luiz), Joquinha Gonzaga (sobrinho), Elino Julião, Zito Borborema, Genival Lacerda, Marinês, Almira, Jackson do Pandeiro, Manezinho Araujo. Até tem que lembrar Ari Lobo (que como paraense poderia ter sido grande no carimbó, mas consagrou-se no forró) e o Baiano Gordurinha. Como não lembrar do pernambucano Luiz Vieira? Puxando pela memória sempre se vai adicionar mais um ou uma.
Nem sempre o forró fez sucesso e para puxar um pouco a brasa para nossa sardinha, o mossoroense Ozeas Lopes, grande músico sanfoneiro, foi para o Sudeste no final dos anos 60, com o Trio Mossoró, que formava com um irmão e uma irmã, também músicos e cantores, numa época em que o forró “estava em baixa”, lembrando frase do próprio Luiz Gonzaga, citado por Dominguinhos em um documentário de TV. Segundo Dominguinhos, Luiz quis desistir. Ozeas virou Carlos André e aproveitou a onda brega, então restrita às classes C, D e E, e mais interessante do ponto de vista comercial.
O “Rei do Baião” foi esnobado (chegou a receber discreta vaia de um pequeno grupo) num show em praça pública patrocinado pelas pilhas Rayovac, em Mossoró. A história mudou quando as estrelas do momento, Caetano, Gil, seguidos de muitos outros, começaram a chamar a atenção para a música de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, João do Vale e outros, iniciando uma curva ascendente de prestígio que fez o Brasil conhecer, por exemplo, Patativa do Assaré, e permitiu, na sequência, experiências como a do Quinteto Violado e um grupo de autores, compositores e cantores que revolucionou a música nordestina preservando a autêntica raiz.
Não foi fenômeno isolado. Nesse mesmo período, por vias semelhantes, o país como um todo descobria a riqueza de suas várias músicas regionais, como a moda caipira do Sudeste e Centro-oeste, e até o samba foi revigorado pelo reconhecimento de nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Candeia e outros, até então desconhecidos enquanto a música que eles criavam fazia a fama dos cantores que brilhavam nas rádios do Brasil.

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