CRÔNICA

ESCOLAS PARTICULARES DOMICILIÁRIAS

Falamos antes de escolas públicas municipais funcionando na casa das professoras. Referimo-nos, agora, a escolas particulares em um formato que existiu por décadas, até que normas e diretrizes públicas do sistema nacional de ensino o remetessem a coisa do passado, em benefício da organização desse sistema, das primeiras letras à pós-graduação acadêmica.

Professores conhecidos, referências na cidade, nos seus diversos bairros, ensinavam em suas residências, em dependência destinada a essa atividade ou (muitas vezes) simplesmente adaptando a mesa da sala de jantar na hora aula. Os alunos eram crianças e adolescentes de famílias que optavam por esse serviço particular. Os valores das mensalidades pagas não eram tais que fizessem os professores profissionais economicamente privilegiados. Mas, também não podiam ser suportados por todas as famílias, de modo que esses alunos provinham da classe média ou extrato social remediado ou de família pobre que conseguia pagar, com evidente sacrifício.

Um único professor ou professora dominava e ministrava parte ou todo o conteúdo do então chamado curso primário, regularmente dado em 5 anos. Ao término, o aluno podia inscrever-se para o exame de admissão ao curso ginasial, espécie de vestibular para o ensino médio.

Os nomes de alguns professores e professoras ficaram associados à história educacional de várias gerações. Como a Professora Tamela e sua escola na Praça da Redenção. O Professor Maurílio Aires, que também atuou no ensino público. Nos Paredões o Professor João Batista, um apodiense, ensinava em sua casa da Rua Mal. Floriano. Como a casa tinha fundos (ou seria outra frente) para a Mal Deodoro, naquele trecho conhecido como “ferro de engomar”, próximo à praça onde hoje se localizada a Cobal, os alunos podiam entrar ou sair por qualquer das ruas. Na mesma Mal. Floriano o Professor Juarez teve sua escola por muitos anos e na Deodoro a Professora Luiza Benedita conduziu o aprendizado de muitos meninos e meninas.

Os poucos citados estão referidos às décadas de 1950, 1960. Mossoroenses lembrarão de muitos outros, nos tantos bairros que a cidade possuía à época. O sistema perdurou provavelmente até o fim dos anos 1960 ou pouco mais. Depois, as aulas particulares continuaram apenas como reforço para alunos matriculados no sistema regular de ensino. Hoje, não se concebe escola não autorizada pelos órgãos estatais responsáveis pelo controle e normatização desse sistema. Mas, os saberes recebidos dos mestres na intimidade de suas casas foram valiosíssimos. Afinal, Sócrates ensinava nas ruas de Atenas no Século III AC. E seus ensinamentos ainda chegam a nós.

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