Em Grossos: escola vai além da “educação bancária” inovando com projeto
Professor deposita em determinado período o conteúdo programado e, ao fim, cobra dos alunos bons conhecimentos
Ao ultrapassar o portão de acesso e adentar à parte interna de uma escola o pensamento, levado pelo senso comum, nos induz ao fato de que ali iremos aprender a calcular com a matemática, conhecer a geografia do nosso país e do mundo, saber o que diz a história da humanidade e, entre outras disciplinas, conhecer melhor a língua portuguesa. Tudo no ritmo do que se costuma chamar de “educação bancária” na qual o professor deposita em determinado período o conteúdo programado e, ao fim, cobra dos alunos, através de provas, o lucro em forma de conhecimento daquilo lhe foi entregue.
Porém o ambiente escolar não é só isso, ou seja, a “educação bancária”, vai muito além. Esse é um ambiente de pesquisa, até praticar ciência e, enfim, é o espaço para ousar, errar, acertar, errar novamente e, ao fim de tudo, até mesmo aprender com os erros. E foi nessa linha de raciocínio, de fazer diferente e de buscar algo que sai da rotina do próprio cronograma definido no início de cada ano letivo que a Escola Estadual Cel. Solon, no município de Grossos, região Oeste do Rio Grande do Norte, no Polo Costa Branca e região salineira, resolveu inovar.
Com apoio e participação direta do seu diretor, professor Ronaldo Josino, um grupo de aluno formado por Felipe, Flávio, Ediclenio e Lucas, resolveu abraçar a ideia da plantação de pitaya. Isso mesmo, um projeto de plantação de pitaya. E essa pode ser a semente de uma nova realidade econômica para o município que hoje tem como uma de suas principais atividades a produção do sal marinho. De forma inédita e desbravando conhecimento, a escola e alunos implantaram o projeto de uma plantação de pitaya com 30 mudas na primeira fase que será seguida de mais 30 fechando em 60 mudas a parte inicial.
Quando é citado que essa pode ser a semente de uma nova atividade econômica, a previsão vem do fato de que, de acordo com os idealizadores do projeto, no espaço de um ano a escola poderá estar produzindo em torno de 600 pitayas, ou aproximadamente 180 kg da polpa da fruta. Polpa essa que pode ser utilizada pela própria escola, cedida a instituições ou comunidades carentes, como também se transformar em cooperativa para produção e comercialização. Como é hoje o bom exemplo de uma cooperativa e um associação do ramo no município potiguar de Apodi, também na região Oeste do Rio Grande do Norte.
O projeto é audacioso devido o material de montagem utilizado e ao mesmo tempo inovador em escolas da rede pública e, no caso, da esfera estadual. A pitaya tem boas quantidades de vitamina C, fósforo, cálcio e ferro, além disso, é uma fruta rica em água, contribuindo também com a hidratação do corpo. No Brasil, a pitaya é considerada uma fruta exótica pelo fato de ser pouco conhecida, exuberante e comercializada com alto valor, principalmente em mercados exigentes. No caso do projeto avançar, a pitaya pode se transformar na primeira de várias opções, já que a região é favorável, por exemplo, ao plantio de goiaba e cajarana. Porém o fruto mais importante do projeto nesse primeiro momento pode ser atribuído a iniciativa, coragem e determinação do professor e dos alunos em inovar o ambiente escolar. Disse Paulo Freire:
Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.