Entrevista

Conversa da Semana com Isolda Dantas

Em seu primeiro mandato como deputada estadual, Isolda Dantas tem se destacado com uma produção legislativa que chama a atenção, quantitativa e qualitativamente. Isolda divide seu tempo na Assembleia com a tarefa de gerir os destinos do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) em Mossoró. Nessa entrevista, Isolda fala sobre sua atuação no parlamento potiguar, inclusive sobre a recém suspensa CPI da Arena das Dunas, comenta a situação política do país, revela como está a organização do PT para as próximas eleições e aponta o caminho para o Brasil sair dessa crise atual, incluindo a pandemia do novo coronavírus.

Por Márcio Alexandre

PORTAL DO RN – Como estava o trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o contrato da Arenas das Dunas antes de sua suspensão?

ISOLDA DANTAS – A comissão tinha se reunido 2 vezes oficialmente com a instalação do relator e presidente e na outra reunião a gente foi discutindo as normativas do funcionamento de trabalho, a equipe técnica que ia acompanhar os mecanismos de sigilo e de cuidado com as informações. Sempre tivemos muito cuidado com as informações para proteger a CPI de um viés de utilização da política pelo lado ruim. Por exemplo, eu e Allyson, que somos de Mossoró, e isso tá muito nesse processo aqui eleitoral, não nos propusemos a sermos relator ou presidente para que ela seja encarada como é: um instrumento sério de investigação. A gente ia começar a oitiva com o controlador nesta segunda feira. Ia ser uma oitiva importante. Um dos primeiros atos da CPI foi solicitar oficialmente o relatório para instruir o processo dentro da legalidade e segurança jurídica. E a partir daí daríamos os próximos passos. Já tinha sido solicitado o relatório do TCE e acompanhamento do Ministério Público, do CREA e advogados das empresas. A gente tava começando e teve esse percalço aí mas vamos seguir.

Uma CPI que não parte da ideia de procurar culpados e condenar mas para esclarecer os fatos que a sociedade potiguar necessita saber.

PRN – É intrigante que os agentes públicos que mais alardeiem honestidade tenham tanto medo de investigação?

ISOLDA DANTAS – É intrigante mesmo porque isso poderia ser um fato rotineiro, os esclarecimentos das questões sobre recursos públicos, ainda mais quando se trata de um volume tão significativo. Por que é necessária uma CPI? Existem fatos que não estão totalmente nítidos sobre o processo ao qual ele se deu. Nós estamos falando de mais de 1 bilhão de reais que o Governo do Estado ao final vai pagar por aquela obra. Há a necessidade da CPI. Lamento que existam agentes públicos que tenham dificuldade nisso. Que a forma dessas pessoas agem de não querer apresentar a transparência não seja impeditivo. Se não tivesse nada para ser mostrado, por que não fazer uma CPI? Uma CPI que não parte da ideia de procurar culpados e condenar mas para esclarecer os fatos que a sociedade potiguar necessita saber. A gente lamenta mas o que não podemos é parar por isso. Se eles têm medo de investigação, o que nós temos que fazer é que as investigações avancem para que esse discurso de honestidade seja colocado na prática.

PRN – Um das coisas mais hediondas dos tempos recentes são as chamadas fake news. Elas não pouparam nem a senhora nem a governadora. Por que é tão difícil combatê-las?

ID – Fake news sempre existiram. Quem não lembra, por exemplo, de fatos como um dia antes da eleição aqui em Mossoró, as casas amanhecerem com panfletos com mentiras sobre determinado candidato. Não dava tempo entrar na Justiça e nem de desmentir com novo panfleto em todas as casas. O fato é que com a tecnologia na mão isso se tornou uma coisa muito perigosa mas também a gente fica sabendo logo e é possível reagir. O fato é que é desproporcional o que aconteceu nas eleições de 2018, com Haddad (Fernando Haddad, ex-candidato à Presidência da República), foi um crime e a CPI da fake news tem mostrado isso. Nas eleições a gente tem que ter um jeito de lidar com isso porque senão vamos ter mais uma eleição baseada na mentira. Eu e a governadora Fátima somos alvo de muitas fake news. Isso se mistura com o machismo, o conservadorismo e se torna uma coisa muito perversa, o que acaba sendo muito ruim pra política. Quem acompanhou uns 15 dias atrás a fake new de que eu tinha feito uma carreata e manifestações com aglomeração. E é impressionante como teve uma circulação muito rápida. Estava em blogs que não se deram ao trabalho de checar a veracidade. Fomos obrigada a lançar uma nota porque a mentira já tava querendo virar verdade. E a repercussão da verdade não foi a mesma. Mas nós seguimos na luta. Isso é parte da batalha por uma comunicação democrática e justa. Espero que com o resultado da CPI das fake news a gente tenha boas ferramentas pra lidar com isso nas eleições vindouras que considero uma das mais importantes que vamos viver nos últimos tempos.

PRN – Parece haver um pensamento no imaginário coletivo de que essa é uma questão que não causa prejuízos?

ID – O tema da fake news é colocado num contexto maior. Estamos vivendo um momento de ideias frutos da soma do ápice do neoliberalismo com o conservadorismo. Por isso a gente tem aí a eleição de Bolsonaro aqui no Brasil, do Trump nos Estados Unidos, ou seja, estamos vivendo um período na história em que é permitido você ser preconceituoso, machista, racista enfim, como adjetivo de forma corriqueira. A fake news entra nisso. Em pouquíssimo tempo você detona a moral e a história de uma pessoa em um clique, de forma irrecuperável. E isso aconteceu com muitos dirigentes da esquerda. A pessoa é acusada, não se prova nada e depois que se mostra que era mentira não tem a mesma proporção. Isso ganhou muita dimensão nesse último período. O indivíduo ganha uma dimensão muito grande. Você destrói o indivíduo e consequentemente destrói suas ideias. Tem consequências porque você criminaliza a política e tem também do ponto de vista individual que aquela pessoa que tá sendo “detonada” tem uma família, pessoas, sentimentos. A fake new é muito destruidora.

Eu sou um agente político de muita coerência e não acho que tenho que aguentar que venham me dizer coisas injustas contra mim só porque sou política.

PRN – Para a classe política, então, é de se imaginar que o risco de ser vítima é maior? Afinal, a maioria das pessoas acha que pode dizer tudo de político.

ID – Esse é um tema muito importante e que requer um debate muito mais profundo. Tenho refletido sobre isso. Requer um debate mais profundo sobre o que é um político. As pessoas acham que todo o mal e corrupção foram os políticos que fizeram. É fato que muitos políticos cometeram atos ilícitos mas não podemos ser simplistas não avaliação. As pessoas esquecem de quando tentar subornar um guarda, quando furam fila, quando mentem pra receber o auxílio emergencial. Isso é corrupção. Quantas obras públicas são superfaturadas? As empresas são parte disso e a responsabilidade fica apenas para o político. Eu sou um agente político de muita coerência e não acho que tenho que aguentar que venham me dizer coisas injustas contra mim só porque sou política. Sou uma cidadã como qualquer outra. Sou uma agente pública e estou para ser julgada no momento do voto, mas pelas regras que são estabelecidas. Eu não aceito qualquer xingamento porque acho errado. Se tem de fazer crítica, faça com respeito. Recebemos tantos insultos, agressões. A internet não pode ser uma terra sem lei. Eu não posso sair chamando todo mundo de vagabunda ou cachorra porque é uma política. A crítica ajuda, mas a agressão não. Não se pode violar qualquer parâmetro de civilidade por estar por trás de um computador. Mas sou esperançosa. A democracia e a boa política vão vencer tudo isso.

Mas presidir o PT neste momento da história é uma honra. Um partido que muito contribuiu com a transformação do Brasil.

PRN – Com a ascensão de Bolsonaro ao poder, iniciou-se, a partir dele inclusive, um movimento para deslegitimizar a esquerda. Como é presidir um diretório de um partido nesses tempos em que o antipetismo é a grande pauta da direita e ser esquerdista é ser tachado de comunista, como se essa ideologia fosse uma doença?

ID – Esse tema de deslegitimização da esquerda começou faz tempo. Em 2016 foi o ápice da aplicação em derrotar o PT. Apostavam que o PT seria destruído. Como não conseguiram, avançaram pro Lula. Na minha campanha pra vereadora, em 2016, foi o período mais difícil de caça ao PT, mas fizemos a opção de fazer campanha afirmando que somos PT e resgatando tudo que o PT fez pra mudar a vida do povo brasileiro. A Globo fez uma campanha sistemática de queimação do PT. Nossos militantes chegaram a ter medo de sair com a camisa do partido e sofrer agressão nas ruas. Hoje o ódio está mais acentuado, mas o PT é o partido que mais cresce. O maior da América Latina, mais de 2 milhões de filiados. Isso é um patrimônio imensurável. As pessoas não sabem o que é comunismo e socialismo. O PT não é comunista. Mas enfim.. Se mistura a intolerância com ignorância, ódio e desinformação e isso alimenta o antipetismo. Inclusive vai ter candidato à Prefeitura de Mossoró que sua campanha vai se resumir ao antipetismo. Numa campanha eleitoral a gente precisa semear esperança, soluções e não se apresentando como candidato do “anti”. Mas presidir o PT neste momento da história é uma honra. Um partido que muito contribuiu com a transformação do Brasil. Um partido de ideias, que tem funcionamento como nenhum outro com eleições de direções, de participação das mulheres, de democracia interna. Um partido oxigenado, e presidir este partido é uma ferramenta para vencer o ódio e deslegitimização do PT. Não funcionou antes e não vai funcionar agora. O PT segue sendo uma ferramenta de luta da classe trabalhadora.

O presidente se utiliza da pandemia para naturalizar a barbárie.

PRN – A pauta neoliberal de retirada de direitos, não só da classe trabalhadora, mas de quase toda a sociedade, avança sendo comandada por um presidente de quase nenhum preparo e de muito autoritarismo. Como se opor a isso?

ID – A forma que nós encontramos de se opor a Bolsonaro é pedir o fora Bolsonaro. Para toda essa crise que a gente está vivendo, a retirada de direitos, a forma como está sendo tratada o coronavírus, que é um absurdo, o presidente se utiliza da pandemia para naturalizar a barbárie. Então, enfrenta governadora, briga com países que poderiam ajudar do ponto de vista do enfrentamento, como a China, desmoraliza e faz atos para desmantelar o isolamento social, ignora a Ciência o tempo todo, faz piada com a Organização Mundial de Saúde (OMS), retira dois ministros no meio dessa crise toda, então, não tem jeito, fica colocando uma parte da sociedade contra a outra, quando cria essa dicotomia vida e economia, e não existe essa separação, é ridículo quem acredita nisso. Então a única coisa é o Fora Bolsonaro por todos os crimes que ele cometeu: de violação da Constituição, de prevaricar, de violar princípios básicos, de não recorrer à liturgia do cargo, aquela reunião de ministros, uma reunião de terror. Ministros cometendo crimes a olho nu, verbalizando crimes absurdos, dizendo que servidor é inimigo, que colocou granada no bolso dos servidores. E não me venham com história de que o PT dizia que era golpe contra Dilma e agora é golpe contra Bolsonaro, é completamente diferente. Existem mais de 40 pedidos de impeachment no Congresso com inúmeros crimes cometidos pelo presidente, de toda ordem, e a Dilma a acusação era de pedaladas fiscais, legitimada por presidentes anteriores e que inclusive foi votada e aprovada pelo Congresso para o presidente seguinte.

PRN – A sociedade e em especial a classe política não tem sido muito passiva às investidas de Bolsonaro contra a democracia?

ID – Acho que se fosse um presidente do PT o primeiro crime cometido por Bolsonaro teria sido visto como algo muito grave, já teria um processo muito avançado. Mas faz parte do processo político do que foi o avanço do conservadorismo. Isso não começou agora. Bolsonaro é fruto disso tudo. Bolsonaro é cria do Moro, é cria da Globo, é cria de muitos que vestiram a camisa verde e amarela, que eram contra a corrupção e agora a corrupção desce pelo canto da boca, e eles sequer se manifestam. Mas acho que tem coisas positivas acontecendo. O Fora Bolsonaro tem ganhado muita robustez, a luta contra o fascismo tem apontado caminhos importantíssimos, a luta contra o racismo, os negros nas ruas em toda a parte do mundo, isso é muito importante. E acho que do ponto de vista das lideranças políticas há um movimento sendo feito. O PT tem levantado essa bandeira do Fora Bolsonaro junto com outros partido, como o próprio PC do B, a Rede, o PSB e isso é importante. Mas nós elegemos o Congresso mais conservador da história e isso reflete um pouco do que é a questão da reação frente aos absurdos de Bolsonaro em relação à democracia. Mas acredito que em breve nós teremos ações desse campo democrático, porque hoje conjunturalmente vejo o Brasil dividido em 3 campos: um do Bolsonaro, com parte dos militares, que não sabem o que fazer. Outro com Moro, com pessoas do Judiciário, pate dos arrependidos de Bolsonaro e parte do empresariado que já abandonou Bolsonaro porque Bolsonaro já fez o estrago que tinha que fazer com a Reforma Trabalhista, com a Reforma da Previdência, com  recursos para os bancos, e tem o campo democrático que tem crescido significativamente com a ideia do Fora Bolsonaro e do seu governo. Sou otimista e acho que teremos em breve reações positivas e de retorno de fortalecimento de nossa democracia.

Impressionante como de repente se mudam os nomes, interventor se  muda para reitor pro tempore. Isso é interventor. Isso é ditadura dentro das universidades.

PRN – Há um aparelhamento, inclusive ilegal (nos IF´s, por exemplo), do governo, principalmente com militares, inclusive sem capacitação técnica, como no caso do Ministério da Saúde. Há como barrar o autoritarismo?

ID – Estou respondendo essa entrevista no dia em que o Congresso devolve a Medida Provisória que viola absolutamente a Constituição, uma medida provisória que determinava reitor pró tempore. Impressionante como de repente se mudam os nomes, interventor se  muda para reitor pro tempore. Isso é interventor. Isso é ditadura dentro das universidades. Os institutos federais, como o nosso, estão sob intervenção, absurda, com uma pessoa extremamente desqualificada, que sequer participou das eleições, que não tem capacidade de gerir uma instituição tão importante, quanto o IFRN, e ainda fica insistindo em fazer atos bárbaros, lamentáveis diante de um gestor público, como ficar encerrando reuniões de conselhos, coisas dessa natureza. É muito lamentável, mas feliz demais com a devolução da Medida Provisória (MP 979, que proibia a realização de eleições nos IF e universidades federais) que Bolsonaro emitiu e viva a democracia dentro de nossas universidades e em nossos institutos. A resistência. O que podemos fazer para barrar a isso é resistir, não se calar, reafirmar que o IFRN é nosso, que as universidades são baseadas na democracia acima de tudo.

Quanto mais eleições, melhor para a democracia.

PRN – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem ouvido especialistas médicos sobre a pandemia, mas diz que a decisão sobre as eleições desse ano será política. Você ver condições, no atual atual de avanço do coronavírus e de pouca conscientização das pessoas sobre o isolamento social, de que o pleito seja realizado?

ID – Essa semana escutei uma entrevista do ministro Barroso (Luís Roberto Barro, presidente do Tribunal Superior Eleitoral), e ele falando disso, da consulta aos médicos, às autoridades sanitárias, de como fazer isso, inclusive de como se utilizar o álcool em gel no momento do voto, o álcool em gel dificulta muito a leitura digital, então isso poderia ser um problema, mas eu sou daquelas acham que eleições são algo sempre muito bom. Quanto mais eleições, melhor para a democracia. E é uma ferramenta que o povo tem de participar da política, então, então defendo que dentro das possibilidades as eleições tem que acontecer., Sou absolutamente contrária à prorrogação de mandatos, e eu acredito, com absolutamente certeza que as eleições acontecerão esse ano. Mas acho que  que vai acontecer uma prorrogação do prazo da realização das eleições, e parece que a tendência do TSE é manter todos os prazos, descompatibilizações, já foram autorizadas convenções virtuais. Eu já tinha dito isso lá atrás: as convenções com certeza serão virtuais, e inscrição de chapa. Acredito que haverá adiamento do dia da eleição. Há inclusive uma proposta de os pequenos municípios fazerem na data que está prevista, e as grandes cidades fazerem numa data mais posterior, para dar tempo de se organizar mais em relação à pandemia. Mas eu sou  defensora de que as eleições aconteçam esse ano, mas que seja administrada toda segurança, de isolamento das pessoas que querem fazer parte desse importante momento da democracia.

Política é a única coisa capaz de mudar a vida das pessoas.

PRN – Falar em eleições é lembrar que a senhora foi lançado como pré-candidata em Mossoró pela governadora Fátima Bezerra. Como está sua disposição para essa batalha?

ID – De fato sou pré-candidata a prefeita de Mossoró. Acho que isso foi se tornando natural pelo processo, por nossa atuação na Câmara Municipal de Mossoró, que tenho imenso orgulho de ter sido vereadora dessa cidade, aprendi muito, agradeço muito a Mossoró. Foi um mandato que tive e acho vereador, vereadora, um dos políticos mais importantes no sentido do cotidiano da cidade. E a governadora me desafiou a isso, pelas condições dadas, óbvio, da nossa atuação aqui, da eleição para deputada, a votação que tivemos aqui em Mossoró, o desempenho que o PT tem hoje na política real da cidade, isso pra mim é de imenso orgulho. Eu sou muito orgulhosa, reconhecedora e grata pelo que Mossoró me proporcionou e me proporciona do ponto de vista da ação política. Por isso que tenho muito zelo com isso, porque isso é um patrimônio inviolável. A disposição para essa batalha eu tenho toda. Eu gosto de fazer política porque eu acredito na boa política. Política é a única coisa capaz de mudar a vida das pessoas, não tem outra. Se o centro de saúde está bom é porque a política está boa, se o centro de saúde está ruim é porque a política está ruim. Se a cidade está boa é porque a política está boa. Então é a política, não tem jeito. É ela que aceita a nossa vida para bom ou par ruim, por isso que acredito nela. Tem má política no meio? Tem. É isso que a gente tem que combater. Mas quero dizer que estou muito animada, acho que vai ser um pleito que vai marcar a história de Mossoró, de virada de página, contra tudo o que a gente já viveu até agora. De anos e anos de um jeito conservador e autoritário de fazer política. Mossoró precisa virar a página para se preparar para o futuro próximo e eu estou muito animada.

PRN – Como deputada que teve maior votação na cidade de Mossoró, qual a avaliação que a senhora faz da atual administração municipal?

ID – Eu fui sim uma das deputadas mais votadas da cidade. Eu tive 33 mil votos, fui a mais votada da coligação da governadora e  um terço dos votos foi de Mossoró. Mas eu fui votada em 166 municípios do Rio Grande do Note, isso de fato nos dá uma legitimidade no Estado muito grande, e inclusive essa condição de pré-candidata nos faz olhar para o Rio Grande do Norte como nós olhamos e nos faz olhar também para Mossoró. Eu gosto muito de comparar as coisas, em política, com qualidade. Por exemplo, eu fico avaliando o que foi a campanha de 2016. Eu participei ativamente, fui eleita vereadora, nosso candidato a prefeito era Gutemberg (Dias, do PC do B), e eu fui uma das candidaturas que mais esteve junto da candidatura a prefeito, assídua. Sei que ser candidato a prefeito pela esquerda não é fácil, mas colocamos lá nosso apoio incondicional à candidatura do PC do B, partido que é nosso companheiro há muitos anos, que temos muita honra de caminhar juntos, quero aqui saudar o presidente Pedro Lúcio. Tenho maior respeito, honra e  alegria de lutar junto desse partido, e nesse sentido, comparando o que foi apresentado pela proposta vencedora de 2016, não existe nada até agora. Eu comparo o plano de governo. Foi prometida uma Mossoró do futuro, uma Mossoró moderna, uma Mossoró digital, e não se ver nada disso. Era um aplicativo para ônibus, era um aplicativo para marcar consulta, era um desenvolvimento, era emprego, era um parque industrial, e cadê? Não tem. Então eu comparo a gestão municipal com o que foi apresentado com possibilidade de ser feito. Eu não estou inventando. Eu olho o plano de governo e vejo que nada se concretizou. Nem o aplicativo que é uma coisa assim mais fácil. Mas isso é importante que venha para o debate. As eleições de 2020 são importantes porque a gente até vive num país, mas é na cidade que está o buraco lá na rua, é na cidade que a gente tem o posto de saúde, é lá na zona rural que a turma produz. Então é uma administração que se pudéssemos tratar com o que foi apresentado e não foi realizado Mossoró seria um exemplo clássico. É só comparar o programa de governo da prefeitura e você ver que há um fosso imenso nisso, entre o que foi apresentado e o que não foi realizado. Então, a nossa avaliação é extremamente negativa do ponto de vista, não do que eu estou dizendo, mas do que ela disse que faria e não fez, então e só comparar.

PRN – Como está o trabalho do diretório municipal do PT com vistas às eleições municipais, sobretudo na formação da chapa proporcional?

ID – O PT sempre foi um partido que funcionou independente de ter eleição ou não. A gente sempre mantendo essas reuniões de executiva, de diretório, encontro de formação. Estamos agora num longo processo de formação, uma maratona de formações, inclusive nacional, aqui no Rio Grande do Norte 350 pessoas se inscreveram, alguns pré-candidatos. Aqui em Mossoró temos uma nominata muito forte, principalmente nomes de setores diferenciados, ainda seguimos na batalha, porque como nós temos mais de 2 mil filiados em Mossoró, nós temos um leque de possibilidades em processo de convencimento. Mas nós temos muitas candidaturas da educação, da cultura, do esporte, de mulheres, juventude, de negros, de negras, então temos aí uma nominata muito animada, muito empolgada e isso me encanta, e tem me dado muita força no processo da pré-candidatura à prefeita. Nós temos feito lives toda quarta-feira com os pré-candidatos, com uma participação incrível, então acho que o PT vai surpreender muito: essa é a nominata mais fortalecida que nós já tivemos em todos os processos eleitorais. Você sabe, eu acompanho o PT há muitos anos e estou muito impressionada com o potencial das candidaturas que vão disputar o Legislativo esse ano, então nos estamos aí numa perspectiva de alcance bem superior do que foi a eleição passada. Então, como disse, muitas candidaturas que tem potencial de votos bem superior, então estou muito animada. Estamos trabalhando do ponto de vista da mídia, das questões de prestação de contas que é uma coisa muito importante, e pelo zelo que nós temos, e principalmente as questões de organizar a campanha porque quando for possível fazer alguma atividade, a gente já estará com todo esse planejamento organizado. Inclusive já foi feita muita atividade virtual, inclusive hoje teremos mais uma atividade sobre saúde, nessa perspectiva de pensar Mossoró, a saúde que Mossoró quer, e as pré-candidaturas estão muito envolvidas nisso. Então, tenho ficado muito impressionada com tudo isso que está previsto para acontecer. Feliz demais que o PT chegue a essa altura do processo muito organizado, muito fortalecido para a gente disputar as vagas da Câmara Municipal.

PRN – Gostaria que a senhora finalizasse fazendo um panorama das ações do seu mandato na Assembleia.

ID – Fizemos redirecionamento de 1,5 milhão de reais de emendas para a saúde, sendo R$ 150 mil para produção de kits hospitalares; e para os hospitais, sendo R$ 400 mil para o Hospital Regional Tarcísio Maia; R$ 400 mil para o Hospital Rafael Fernandes, R$ 200 mil para o Hospital Cleodon Andrade (Pau dos Ferros), R$ 100 para o hospital de Apodi; 100 mil para Currais Novos e R$100 mil para a Upanema,  além de R$ 50 mil para o Instituto Amantino Câmara, para aquisição de EPIs. Em relação a projetos de lei, destaco o que trata da isenção de taxa para concurso público do estado para quem for voluntario no período da pandemia, o que dispõe sobre o estabelecimento de medidas extraordinárias de garantia à oferta de produtos e insumos para conter a disseminação do novo Coronavírus (COVID-19), no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte e o que estabelece multa para quem divulgar por meio eletrônico notícias falsas/”Fake News” para quem divulgar por meio eletrônico, impresso, televisivo ou por radiodifusão notícias falsas no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, além do que projeto que criou a Delegacia Virtual da Mulher.

 

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