Conversa da Semana com Alzinete Di Oliveira
“A música alimenta minha alma. Sem cantar eu adoeço e sem os aplausos me sinto sem combustível”. Com essas palavras, a intérprete e cantora Alzinete Di Oliveira, inicia a Conversa da Semana de hoje, 10, do Portal do RN, que vai contar um pouco da história de uma mulher que traz as notas musicais nas veias, a doçura na voz e um estilo refinado e único. Durante a conversa, a artista vai contar sobre sua trajetória no cenário musical de Mossoró e de onde surgiu a paixão pela música e pelos palcos. Alzinete, figura entre as primeiras vocalistas de bandas do Estado, se inspirando nas precursoras Jarlene (Banda Bárbaros) e Amanda Costa (Elo Musical). A artista escreve sua história movida por fatos de bastidores, brilho nos palcos, aplausos, choros e risos, mas tendo como base, uma voz suave e marcante que vem encantando o público há várias décadas. Durante a conversa, Alzinete conta também detalhes de sua vida profissional, o início, o auge, as fases de recomeço, o período difícil da pandemia vivenciado na atualidade e os projetos futuros. A cantora revela ainda, o lançamento de um projeto antigo, que agora será retomado e, em breve, lançado. Alzinete também se tornou referência para muitas outras cantoras e intérpretes que se inspiraram nela para chegar aos palcos e soltar a voz. Dona de um estilo próprio de se vestir e de figurinos criativos e estilosos, muitos deles, criados por ela própria. A arista mostra que o amor pela música sempre foi uma motivação importante e o combustível necessário para permanecer sempre jovem.
Por Sayonara Amorim
PORTAL DO RN – Quando foi que surgiu a cantora Alzinete?
ALZINETE DI OLIVEIRA – Não foi nada planejado. Eu era adolescente ainda, e o meu irmão, Aderson decidiu montar uma banda e me chamou para cantar com ele. De início, confesso que o convite não me atraiu porque eu tinha medo de enfrentar o público. Mas com o incentivo da minha mãe, que sempre teve o sonho de ser cantora, eu fui fazer parte da banda. Acredito que minha mãe queria se realizar através de mim. O início foi bem difícil, eu chegava em casa, depois das apresentações, chorando e dizia que não ia mais. Porém, o tempo foi passando e o gosto pela música e pelos palcos foi crescendo e em pouco tempo não sabia mais viver sem cantar, sem a emoção dos palcos.
PRN – Quais foram as principais dificuldades enfrentadas no início de sua carreira como cantora?
ALZINETE DI OLIVEIRA – Para mim foi muito difícil começar a cantar numa banda tendo que interpretar um repertório de grandes cantoras como: Alcione, Elis Regina, Elba Ramalho, Gal Costa, entre outras grandes intérpretes da MPB. Eu não me sentia a altura de cantar músicas nesse nível, mas tudo foi se adequando. Outra dificuldade também, era o ritmo da banda que era sempre muito puxado e se revezava entre os ensaios e as apresentações. Mas no final, todos os sacrifícios eram devidamente recompensados com a interação do público que nos retribuia com os aplausos.
PRN – Como era o nome da banda e a que público se destinava, por que você fala que o repertório era composto por MPB?
ALZINETE DI OLIVEIRA – o nome da banda era ‘Anderson Musical’. Nós permanecemos no auge por vários anos e nos tornamos muito conhecidos, não só em Mossoró, mas em muitas outras cidades. Os shows da banda eram destinados a casamentos, festas de debutantes, festas sociais, era voltado para um público mais seleto, mais clássico. Só que chegou um período em que precisamos expandir e tocar também para outros públicos, e foi nessa fase que a banda precisou se reinventar. Nós estávamos acostumados com um determinado público e a locais mais fechados e quando fomos fazer o primeiro show para a massa, foi terrível. Fomos vaiados, o público não aceitava aquele repertório, nos pediam outros estilos. E a partir desse show passamos a incluir músicas mais dançantes, e outros estilos como forró, ritmos baianos, etc. E deu certo, voltamos a figurar no cenário musical.
PRN – Alzinete, você ficou um período fora dos palcos e retornou depois com outros projetos, quando aconteceu essa mudança e o que motivou?
ALZINETE DI OLIVEIRA – Eu me afastei dos palcos por dois anos. Eu fiquei grávida e decidi me afastar para curtir minha filha. Só que dois anos depois, eu retornei e já comecei um novo projeto que foi cantar em barzinhos e nesse período fiz parcerias com muitos músicos da cidade. E preciso ressaltar que Mossoró tem excelentes músicos. Eu tinha agenda sempre lotada, muitas vezes saia de um estabelecimento e já ia cumprir agenda em outro. Tinha locais em que já cumpria agenda fixa, como no Restaurante Cândidu’s, por exemplo, Acapulcos e muitos outros.
PRN – Por um bom tempo você também foi a voz feminina da banda Tremendões, como foi essa fase?
ALZINETE DI OLIVEIRA – Essa foi mais uma experiência muito rica na minha trajetória e também muito desafiadora. Ser a voz feminina em uma banda baile especializada no estilo Jovem Guarda, foi para mim muita responsabilidade, mas que aceitei e me senti muito honrada por ter trabalhado ao lado de músicos e cantores tão experientes e especiais. Sou muito grata pela oportunidade.
PRN – Alzinete, a pandemia se alastrou pelo país desde o ano passado e uma das áreas mais prejudicadas, foi o setor artístico. Os eventos com público tiveram que parar e, consequentemente os artistas precisaram silenciar. Muitos músicos, cantores e intérpretes investiram nas lives, você se apresentou alguma vez nesse formato virtual?
ALZINETE DI OLIVEIRA – Na verdade, eu não me arrisquei participar de eventos on-line. Optei por ficar em quarentena, me resguardando. Porém, aproveitei esse período para concluir projetos que haviam sido arquivados, e elaborar o retorno aos palcos. E também, confesso que eu gosto mesmo é de cantar tendo contato com o público, os aplausos funcionam como combustível pra mim. Neste momento, estou ansiosa pra voltar a fazer shows, rever os amigos, abraçar as pessoas, soltar a voz e ser feliz, fazer o que sempre fiz.
PRN – Você falou de um projeto antigo que havia sido arquivado e que agora será retomado, que projeto é esse?
ALZINETE DI OLIVEIRA – O meu companheiro Dorian Sérgio de Medeiros, que foi meu marido e meu grande amor, era também meu produtor. Ele era produtor de eventos e me deu a ideia de gravar um CD só com música Popular Brasileira. Começamos esse projeto e quando estávamos na fase de conclusão, ele ficou doente. Em pouco tempo ele faleceu e eu arquivei o projeto. Foi um momento muito difícil na minha vida pessoal, porque eu perdi meu companheiro, meu amor, meu produtor e meu grande incentivador. O projeto ficou guardado até agora, mas decidi incluí-lo nesse meu novo plano. Assim que a pandemia passar retorno aos palcos e lanço meu CD.
PRN – Alzinete, você tem muitos fãs, e talvez nem se dê conta da dimensão de tudo isso. O que você pode dizer para os seus fãs e admiradores que aguardam ouvir e ver você de volta aos palcos e as noites mossoroenses?
ALZINETE DI OLIVEIRA – Eu quero dizer que também estou sentindo muita falta dos palcos, do público, do calor humano. Sinto falta da interação das pessoas e, como costumo dizer, sem a música eu fico doente e sem o público eu não tenho combustível. Em breve, se Deus quiser estarei retornando aos palcos, cantando e fazendo o que mais gosto de fazer. “Quando eu soltar a minha voz, por favor entenda, é apenas o meu jeito de viver o que é amar”. (Gonzaguinha)