Com rivalidade intensa, Fla-Flu encerra Carioca marcado por polêmicas
Dupla se estranhou por reinício do Estadual e direitos de transmissão
Não há como falar em Fla-Flu sem lembrar de Mário Filho e Nelson Rodrigues. Os dois irmãos, que ainda pequenos se mudaram para o Rio de Janeiro, eternizaram o clássico entre rubro-negros e tricolores em linhas diferentes das quatro que circundam o gramado.
Crônicas de exaltação ao match, que teria começado “40 minutos antes do nada”, dão todo um charme ao embate, que, se em alguns momentos ficou em segundo plano entre os grandes duelos do futebol carioca, não perdeu sua essência após mais de 100 anos de disputa e rivalidade.
Rivalidade que está em alta como pouco se viu nos últimos anos. Menos pelas arquibancadas, que, aliás, estarão vazias mais uma vez por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), e mais pelos bastidores, com troca de farpas que se intensificaram nos últimos 10 dias. Nesta quarta-feira (15), a partir das 21h (horário de Brasília), o jogo que decide o campeão carioca de 2020, no Maracanã, põe um ponto final nessa discussão. Ao menos até o reencontro entre os times no Campeonato Brasileiro.
Será o terceiro embate entre Flamengo e Fluminense em uma semana. Em campo, na última quarta-feira (8), empate por 1 a 1 no tempo normal, gols de Gilberto (Flu) e Pedro (Fla), com posterior decisão nos pênaltis, com goleiro Muriel brilhando e dando ao time das Laranjeiras o título da Taça Rio, o segundo turno do Estadual. Fora dele, o clima nada amistoso entre as diretorias desde a determinação de volta do campeonato (Rubro-Negro a favor, Tricolor contra) se intensificou na esfera dos direitos de transmissão da partida.
Para entender: o Grupo Globo era detentor dos direitos de 11 dos 12 participantes do Carioca, a exceção do Flamengo. Alegando quebra de contrato pelo fato de o clube da Gávea ter transmitido a partida contra o Boavista, pela fase de grupos da Taça Rio, o conglomerado rescindiu o contrato do Estadual. O Rubro-Negro se baseou na Medida Provisória 984, que dá à equipe mandante o direito de exibição do jogo.
Para a final da Taça Rio, o mando de campo foi definido em sorteio na Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), com vitória do Fluminense, que, portanto, poderia exibir a partida em seu canal no YouTube, a FluTV. O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), então, foi acionado e também liberou o canal do Flamengo (FlaTV) para transmitir o duelo, o que gerou troca de notas públicas entre os clubes, algumas em tom irônico. A exclusividade ao Tricolor só foi garantida, minutos antes de a bola rolar, pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O título da Taça Rio colocou, outra vez, Fluminense e Flamengo frente a frente, desta vez para decidir o título carioca, pois o Rubro-Negro fora campeão da Taça Guanabara, primeiro turno do estadual. Desta vez sem polêmica sobre direitos de transmissão, a partida teve vitória flamenguista por 2 a 1, com gols de Pedro e Michael para o time da Gávea e de Evanilson para o das Laranjeiras.
A transmissão de domingo (12), pela FluTV, chegou a 3,3 milhões de espectadores, pouco menos que os 3,6 milhões de quatro dias antes, um recorde no YouTube.
Para o duelo desta quarta, o Flamengo negociou os direitos de exibição com o SBT, que transmitirá a partida em rede nacional em TV aberta. No duelo decisivo, o time do português Jorge Jesus tem a vantagem do empate para levar o título pela 36ª vez. O Fluminense precisa vencer por dois gols de diferença, pelo menos, para levar o 32º caneco estadual no tempo normal. Se a vitória tricolor for por um gol, a decisão será nos pênaltis. O clube comandado por Odair Hellmann não conquista o Carioca desde 2012.
No Flamengo, o principal desfalque é o atacante Gabriel, expulso nos acréscimos do jogo de domingo, quando deixava o gramado para ser substituído. O lateral-direito Rafinha, com uma torção no tornozelo esquerdo sofrida no clássico, é dúvida. Se ele não jogar, o provável substituto será Matheuzinho, promovido da equipe sub-20, já que o reserva imediato, João Lucas, recupera-se da covid-19. Já a novidade será a volta do atacante Bruno Henrique, poupado no primeiro jogo da final por causa de dores na panturrilha esquerda.
Jorge Jesus, portanto, deve mandar o Flamengo a campo com: Diego Alves; Rafinha (Matheuzinho), Rodrigo Caio, Léo Pereira e Filipe Luís; William Arão, Gerson e Everton Ribeiro; Arrascaeta, Bruno Henrique e Pedro.
Pelo lado do Fluminense, o zagueiro Nino pode retornar ao time após ficar fora da partida anterior devido a um entorse no joelho esquerdo. Digão atuou no lugar. Os atacantes Wellington Silva, diagnosticado com o novo coronavírus, e Fred, que passou por uma cirurgia no olho esquerdo, desfalcam o Tricolor nesta quarta. O camisa 9 só deve retornar ao time no Campeonato Brasileiro.
Se mantiver a base da equipe que encarou o Flamengo nos últimos jogos, Odair Hellmann deve escalar o Flu com: Muriel; Gilberto, Matheus Ferraz, Digão (Nino) e Egídio; Dodi, Hudson e Yago; Nenê, Marcos Paulo e Evanilson.
Agência Brasil