OPINIÃO

COLEGAS ESTUDANTES

Quando penso em estudantes da minha época, a lembrança não se limita àqueles com quem convivemos diretamente, na mesma sala, em salas vizinhas, do mesmo turno e do mesmo nível. Sim! Esses a memória afetiva privilegia e às vezes reencontra em pedaços confusos de momentos vividos ou, talvez, somente imaginados. O universo de recordações é povoado também por outros estudantes que víamos diariamente na mesma escola, embora em um nível acima ou abaixo, ou mesmo os de outras escolas que (cidade pequena) não era difícil encontrar. A perspectiva do tempo permite pensar em todos como colegas, já que todos eram estudantes, congregantes das mesmas aspirações, sempre maiores do que a realidade parecia sugerir, pois à juventude não cabe aceitar a realidade, mas a obrigação de mudá-la para melhor.

Os colegas estudantes na minha imaginação são aqueles com quem dividíamos a carteira dupla, aqueles com quem dispendíamos a maior parte do tempo nos recreios e aqueles com quem conversávamos de vez em quando. Mas, também, aqueles com quem nunca trocamos uma palavra e nunca vamos trocar. A maioria deles jamais veremos novamente. Boa parte até já nem caminha nesse mundo. Perderam a oportunidade de conhecer as maravilhas tecnológicas que tanto poderiam ter ajudado nosso aprendizado ou livraram-se do espanto causado por vertiginosas transformações que, então, não podíamos sequer imaginar. Tudo é questão de ponto de vista.

É natural que a saudade clame por um reencontro. Mas o desencontro tem suas vantagens ao cristalizar na memória imagens felizes de um tempo de despreocupação. De uma deliciosa irresponsabilidade, no fundo, comum a todos, os irrequietos e os compenetrados.

De certa forma, todas as gerações experimentam algo semelhante quando se voltam espiritualmente para seu universo estudantil. Mas, cada uma valoriza um pouco mais aquilo que constitui uma marca de seu tempo. A marca daquele nosso tempo pode ser definida como uma profunda fé no Brasil.

Seja como for, é bom lembrar dos que conosco cresceram na expectativa de transformação pela educação. Não há espaço para registrar tantos nomes. Então, sem a preocupação de saber se nos encontramos no mesmo momento ou em momentos diferentes, rememoramos todos nas figuras dos colegas Adelson Bezerra da Silva, Alvamar Sales de Morais, Alcides Farias Lúcio, Clarice Maria de Azevedo, Maria das Graças Andrade e Maria Nazaré Campos Matoso.  A todos saudamos.

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