CRÔNICA

CINEMA COMO HÁBITO

O hábito de ir ao cinema não deixou de existir, mas mudou. Vamos tomar como recorte, para breve análise, cidades pequenas e médias como as que conhecemos aqui no RN e que começaram a ver televisão na última metade dos anos 60.

A plateia nas salas de exibição caracterizava-se pela ampla heterogeneidade. De classes sociais de nível intelectual e econômico. Desse modo, expressava fenômeno de convivência democrática real, sem que isso precisasse ser explicitado ou destacado, tal era a naturalidade que emoldurava ou constituía a imagem de fundo desse quadro desenhado ao acaso todas a noites ou nas seções diurnas, especialmente nos finais de semana.

Então veio a TV e a expectativa do desaparecimento do cinema, como algo lógico e inevitável. Isso até poderia ocorrer, caso a indústria da chamada sétima arte, não desenvolvesse estratégias para reverter a tendência. A produção de cunho mais popular, tomada agora a palavra no sentido de produto menos sofisticado, dirigido a público de exigências mais modestas, estava totalmente assumida pelo novo veículo ou nova plataforma.  Restava focar em uma parte desse público e outras formas de atrair o seu interesse.

Depois de um hiato de tempo os cinemas ressurgem integrados a novo conceito, o dos grandes shoppings centers. Embora nunca tenha deixado de estar aberto a qualquer público, as plateias tornaram-se mais homogêneas, selecionadas por fatores que definem o público preponderante desse do shopping. Ao mesmo tempo a linha de filmes exibidos também passou a ser basicamente aqueles com temática mais interessante para esse expectador selecionado. O preço médio de ingressos foi situado em patamar muito superior àqueles outrora praticados por cinemas com portas diretamente para as ruas, além do que foram induzidos novos hábitos de consumo, tornados quase obrigatórios como parte do ato de ver um filme, incompatíveis com bolsos mais modestos.

Uma coisa continuou como sempre foi. Os filmes se distinguem principalmente por dois critérios: sucesso de crítica e de público. O sucesso de público é medido pelo tamanho da bilheteria que acumulam enquanto permanecem em cartaz. Não corresponde necessariamente a qualidades técnicas, de roteiro, de interpretação. O sucesso de crítica é mais dependente desses critérios, embora, muitas vezes, resulte de relações pouco ou não esclarecidas. E pode ser fundamental como indutor do interesse do público.

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