O jornal “O Mossoroense”, de 13 de outubro de 1946, noticia a criação, exatamente naquela data, da entidade representativa dos estudantes secundaristas na cidade de Mossoró. Ninguém sabe a razão ou quem inventou, lá para os idos de 1946, o “estudantal”, essa palavra que os dicionários não registram, em vez de estudantil, que seria posteriormente adotada. Mas não havia dúvida sobre essa representação. Era o único órgão reconhecido com competência para emitir as valorizadas carteiras de estudante, que além de permitir o pagamento da metade dos valores das entradas em cinemas, eventos culturais e esportivos e, também, da metade do valor das passagens de ônibus, dava ao portador o status de pertencer a uma classe vista com admiração: a dos estudantes.
A instituição surge quando entidades classistas, como a estudantil e os sindicatos, passam a se apresentar como importantes interlocutores da política nacional, da esfera municipal à federal. Na década de 1960 o “Centro” ainda era “Estudantal” e era um dos protagonistas dentro da efervescência cultural e política característica da época. Em sua sede, então na Av. Rio Branco, os embates eram acalorados, nos eventos oficiais ou situações informais que reuniam estudantes de diferentes tendências e intensa disposição para debater sobre suas convicções.
As disputas pela presidência do órgão eram altamente movimentadas e em sua forma lembravam as que se travavam pela eleição aos cargos dos poderes executivo e legislativo, com discursos, comícios e até passeatas nas áreas em que estavam os maiores e principais colégios, onde estudava a totalidade dos jovens alunos do cursos médios na cidade. A semelhança não era por acaso. Além de ser um modo operatório consumado na política geral, as personagens envolvidas sempre tinham, de modo declarado ou não, certa identificação com algum partido ou tendência ideológica, no cenário nacional ou local. Nacionalmente esse cenário era dominado, de um lado, pela coligação PSD (Partido Social Democrático) e PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e, de outro, pela UDN (União Democrática Nacional). A esses juntavam-se, nos respectivos lados, siglas eleitoralmente menores. Localmente, a disputa era entre Dinarte Mariz e família Rosado, em um lado, e família Alves, no outro, ou, mais precisamente, entre Araras e Bacuraus.
Tempos de Anchieta Alves, Elviro Rebouças, Aldivan Honorato, Morais Filho, Luiz Sobrinho e outros, líderes das campanhas estudantis e que, partindo daí, ascenderam a cargos na Câmara Municipal, Assembleia Estadual e cúpula dos principais partidos políticos no Rio Grande do Norte.