Rede de proteção

Mossoró tem primeira casa abrigo estadual para atender mulheres em situação de violência

Unidade instalada em Mossoró, atende a mais 164 municípios do RN garantindo acolhimento, segurança e assistência básica às vítimas

Abrigo, proteção, segurança, compreensão. É essa logística que as mulheres que são vítimas de violências buscam e precisam, embora sejam ações, ainda bem distantes, de se mostrarem concretas para a maioria desse público tão vulnerável a agressões. Nesta semana, em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher, mais uma vez, desde a instituição da data, a quase 50 anos, não há o que comemorar e sim, fortalecer as lutas por respeito e igualdade de direitos.

A cada ano, os números da violência contra mulheres, só crescem, assusta e os dados, cada vez mais alarmantes, são alvos de notícias mundo afora. Felizmente, apesar de muito distante do necessário, ações criadas, por meio de políticas públicas estão conseguindo mudar a realidade de mulheres que, tem a violência impostas em suas vidas.

Aqui em Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, por exemplo, onde os índices de agressões ao público feminino, segue os parâmetros do restante do país, a criação de uma instituição de amparo às vítimas de violência, vem conseguindo fazer a diferença transformando dor em acolhimento.

Trata-se da Casa Abrigo, denominada de Casa de Acolhimento Anatália de Melo Alves, um aparelho social, criado para atender, especificamente, a mulheres em situação de violência. A unidade local, existe a apenas cinco meses, e nasceu de uma parceria entre o Governo do RN, através do programa “O RN Chega Junto” e o Centro Feminista 8 de Março (CF8). É a primeira casa de acolhimento no estado a prestar assistência a mulheres em situação de violência, que atende a Mossoró e a mais 164 municípios do estado.

A coordenadora da Casa de Abrigo, Cláudia Lopes, explica que essa era uma demanda reprimida de muitos anos dos movimentos de mulheres, e que apesar da denominação, trata-se de uma casa de acolhimento, porque para ser uma Casa Abrigo teria que dispor de uma estrutura maior para abrigar as mulheres por até cinco meses, e a unidade em Mossoró consegue esse abrigo por um prazo de quinze dias ou mais, dependendo da necessidade da vítima.

Cláudia explica também, que a Casa Abrigo de Mossoró representa um passo importante na luta por proteção das mulheres que vivem em situação de violência. Segundo ela, antes quando uma mulher precisava ser abrigada para ser protegida, esse serviço era buscado em outros estados como Paraíba e Pernambuco. “Antes quando precisávamos acolher uma mulher vítima de violência, tínhamos que procurar ajuda com companheiras de outros estados. E hoje com mais esse equipamento social para atender a sociedade, em especial as mulheres podemos dizer que conseguimos dar um passo importante nessa luta”, ressalta.

Coordenadora da Casa Abrigo, Cláudia Lopes, ressalta a importância da unidade para as mulheres

Segundo a coordenadora, a existência de uma casa para acolher uma mulher que sofre violência e que busca ajuda, representa uma forma de impedir que a violência continue. “A mulher que sofre violência em casa, muitas vezes não busca ajuda junto a família, para proteger seus familiares, que em muitos casos acabam também sendo vítimas do agressor”, relata.

ACOLHIMENTO COM SEGURANÇA – As mulheres que chegam na Casa Abrigo de Mossoró, recebem, além do acolhimento, a segurança e todo o suporte psicológico e atendimento básico para garantir que elas sejam abrigadas e protegidas. A casa é mantida em local sigiloso e somente as equipes que trabalham na unidade tem acesso. “Temos todo o cuidado de manter a casa em local secreto para garantir total segurança das mulheres atendidas pelo programa”, destaca Cláudia.

O acesso a Casa Abrigo por parte das mulheres que sofrem violência, pode acontecer por várias vertentes, como a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Unidades de Saúde, CRAS, CRES, Patrulha Maria da Penha e até mesmo a própria mulher pode solicitar o serviço através do Centro Feminista 8 de Março (CF8).

ESTRUTURA – A casa abrigo dispõe de toda a estrutura necessária para atender 20 mulheres e 20 filhos. A casa dispõe de quartos equipados, alimentação, assistência psicológica, orientação e encaminhamentos para os serviços especializados de saúde, jurídico e social. “A casa abrigo faz parte da Rede de Proteção e para nós representa um ganho muito importante no combate a violência contra a mulher”, reforça.

Cláudia explica também, que apesar de diariamente receber várias ligações de solicitação dos serviços da Casa Abrigo, muita gente ainda não tem conhecimento da existência desse recurso. Segundo a coordenadora, está sendo feito um processo de divulgação em todos os municípios para levar ao conhecimento da sociedade a existência desse equipamento social.

Cláudia reforça, que o principal objetivo da Casa Abrigo é garantir que as mulheres vítimas de violência se sintam seguras e protegidas. “Eu sempre me emociono quando chego na casa no dia seguinte, e pergunto como elas passaram a noite e elas me respondem que a muito tempo não dormiam tão bem, é para nós muito gratificante. É quando sentimos que estamos cumprindo o objetivo”, relata.

O Serviço da Casa Abrigo funciona com uma equipe permanente com sistema de atendimento 24 horas, podendo ser solicitado por qualquer das unidades que compõem a rede de proteção. “A partir do momento que somos solicitadas e vamos buscar a vítima, nós garantimos toda a assistência necessária de abrigo e proteção”, completa.

NÚMEROS QUE PODEM SER SOLICITADOS POR VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA:

  • Patrulha Maria da Penha – 153
  • Centro Feminista 8 de Março – 3316-1537
  • Disk 180 – Serviço de orientação
  • Delegacia da Mulher – 3315-3536
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