Negacionismo

Bolsonaro faz pronunciamento para defender Copa e criticar combate à covid

Discurso do presidente foi “abafado” por forte panelaço registrado em todo o país

Em discurso na noite desta quarta-feira, 2/6, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu a realização da Copa América no Brasil e voltou, novamente, a se colocar contra políticas de distanciamento social para o combate à pandemia da covid-19. O Brasil registra, atualmente, mais de 460 mil mortos em decorrência do coronavírus.

“O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa. Não fechou comércio, não fechou comércio e não fechou igrejas e escolas, e não tirou o sustento de trabalhadores informais”, disse o presidente.

Em um momento em que a CPI da Covid pressiona o governo por sua ação no combate ao coronavírus, Bolsonaro voltou a reproduzir informações distorcidas sobre a vacinação em território nacional, e disse que o maior compromisso, dele e da equipe de 22 ministros do governo, é com a liberdade.

O presidente evitou atritos diretos com governadores, mas atacou indiretamente o governador paulista João Doria (PSDB), ao se referir à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), de controle federal. “Essa Companhia socorreu nossos irmãos de Aparecida e Araraquara, entre outras cidades do interior de São Paulo, doando dezenas de toneladas de alimentos”, disse, em seu discurso.

O discurso em rede nacional durou cerca de cinco minutos e foi acompanhado por panelaços em diversas capitais brasileiras. Mais cedo, parlamentares convocaram manifestações simbólicas  nas redes sociais e em pouco tempo a hastag #panelaço estava entre mais comentadas do Twitter brasileiro.

SENADORES –Senadores que conduzem a CPI da Covid avaliariam, em carta, que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro exaltando as vacinas adquiridas pelo Brasil, seria não uma mudança de postura do chefe do Executivo, mas uma resposta ao esforço da CPI da Covid em torná-lo responsável pela desastrosa campanha de combate à doença.

Assinam a carta o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL). Endossam o documento os titulares da CPI Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Braga (MDB-AL), além dos suplentes Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE). Segue o documento na íntegra:

 

“A inflexão do Presidente da República celebrando vacinas contra a Covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’.

Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19.

A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais.

A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas”.

Notícias semelhantes
Comentários
Loading...
Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support