CRÔNICA

AS BANCAS DE REVISTA

Elas eram os pontos de venda de periódicos impressos (jornais, revistas) localizados nas ruas. Aliás, bancas de jornal ou de revista? Ora eram chamadas de um jeito, ora de outro e qualquer das denominações era adequada porque vendiam “tanto um quanto outra”. Os locais eram pontos de encontro diário, a qualquer hora, e principalmente nos fins de tarde ou à noite, em qualquer cidade média ou grande. Frequentadores contumazes ou eventuais encontravam-se e era quase um ritual, chegar, passar a vista geral nas publicações expostas e entrar na conversa que já estava em andamento como se dela tivesse participado desde o início, até porque essas conversas não tinham mesmo início nem fim.

Os jornais, geralmente diários ou semanais, reservavam a primeira página para breves introduções de notícias desenvolvidas nas páginas internas. E para a manchete impactante, em fontes enormes que permitiam a leitura por quem estava do outro lado da rua, pois esse era, claro, o objetivo. Para os diários, as notícias deviam abranger fatos e acontecimentos das últimas horas. Jornal de ontem era mesmo expressão para se referir a algo ou alguém que já causara de interesse e não causava mais. As revistas, muito diversificadas em suas especialidades, davam colorido atraente ao espaço. As de caráter geral, pautadas no que era notícia no momento da publicação, incluindo praticamente qualquer tema. Aquelas voltadas para áreas específicas como os esportes (no Brasil, especialmente futebol), mas percorrendo os mais variados campos de interesse: ciência, religião, saúde, engenharia, arquitetura, agricultura, artes, culinária, tricô, música, teatro e o que mais o público se dispusesse a ler. Ambos, além da tipografia própria que os caracterizava, tinham o cheiro particular do impresso novo.

Em Mossoró essas bancas estavam em várias praças, principalmente no centro da cidade: Pça Rodolpho Fernandes e imediações, Pça Vigário Antonio Joaquim. Em Natal, ocupavam espaços conhecidos, no Grande Ponto, particularmente Av. Rio Branco e Rua Princesa Isabel; na Ribeira, Av. Tavares de Lira; no Alecrim, Pça. Gentil Ferreira e arredores, e em outros sítios de Tirol e Petrópolis. Os que viveram em outras cidades, do RN e do Brasil, podem lembrar onde iam comprar o jornal e conversar, inteirando-se da marcha da humanidade ou das querelas paroquiais.

Os jornais impressos estão em marcha batida para o desaparecimento. Revistas em papel resistem um pouco mais, não se sabe até quando. O que definitivamente já está apenas no cenário de lembranças são as bancas, de jornal ou de revista, como queiram, e as conversas que elas sugeriam. .

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