CRÔNICA

O VESTIBULAR

A forma de acesso aos cursos universitários no Brasil por meio do chamado exame vestibular prevaleceu até recentemente e ainda é adotada em uma ou outra instituição de ensino superior. Mas se já é algo vago para parte da geração que conclui agora o ensino médio, certamente será totalmente desconhecida das próximas.

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é uma evolução da prova e oferece vantagens objetivas, na medida em que alarga exponencialmente o número de faculdades, em tese, à disposição do aluno em uma mesma oportunidade. Antes, o estudante candidatava-se a vaga em faculdade única e, em caso de insucesso, restava-lhe o exame em outra, se as datas não eram coincidentes, ou, situação mais difícil, tinha que esperar o ano seguinte para tentar de novo. Mas o propósito aqui não é discutir isso e, sim, lembrar o vestibular tradicional como momento de emoção na vida estudantil, repetido anualmente, entre o final de um ano escolar e início do outro.

Terminadas as provas havia um frenesi em torno da data e da hora de publicação dos resultados, o que ocorria em poucos dias. Jornais e emissoras de rádio punham-se de plantão visando antecipar-se na obtenção da lista. Alguns armavam estratégias para botar a mão no documento antes mesmo da liberação oficial o que invariavelmente resultava em grandes confusões. Enquanto isso, alunos, familiares e amigos movimentavam-se nos vastos espaços que normalmente compõem os “campi” das universidades procurando onde seriam afixadas essas listas e, uma vez conhecidos esses pontos, aglomeravam-se e tentavam ansiosamente enxergar o nome desejado para em seguida extravasar toda tensão em um grito de “passei” ou “você passou”, “fulano passou”, conforme o caso. Enquanto isso, o os que ouviam pelo rádio (depois veio a televisão) acompanhavam a narração da lista pelos locutores, coração acelerado e expectativa renovada a cada novo nome pronunciado.

Em tempos anteriores, as comissões organizadoras do vestibular divulgavam os nomes de todos os que haviam obtido nota suficiente para aprovação, com respectiva colocação classificatória, independentemente do número de vagas. Ocorre que isso produzia confusão, todos os anos, pois os concorrentes às escolas públicas, classificados abaixo do ocupante da última vaga e chamados genericamente de “excedentes” promoviam manifestações públicas ruidosas “exigindo” a matrícula. Até que por resoluções do Ministério da Educação só se divulgavam os nomes até o limite das vagas disponíveis. No final, vinham as comemorações, com muita irreverência.

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