CRÔNICA

TARDES NA TV

Não são convincentes as justificativas para que o Cabo Rusty conseguisse sentar praça na cavalaria americana Forte Apache, com tão pouca idade. Também nunca foi soldado raso. Já chegou como cabo e nunca passou dessa patente. Uma coisa é certa: o menino-cabo, em suas empreitadas, sempre dependeu da amizade com o pastor alemão Rin-Tin-Tin, o cachorro que quase ganhou o Oscar na primeira edição do concurso. Várias emissoras de TV passaram a série que fazia crianças e adultos ficarem enlevados com as aventuras da dupla.

Estranho, também, é conviver com uma mulher que, literalmente, aparece e desaparece, ou faz aparecer coisas, repentinamente. Mas Tony Nelson não liga a mínima para isso, apesar das confusões que lhe trazem as situações criadas pela linda garota que se apaixonou por ele depois que ele a liberou de dentro de uma garrafa. E o rapaz não tinha problemas com bebida alcoólica. Ao contrário, era um astronauta o que supõe uma pessoa de controle mental diferenciado. “Jeannie é um Gênio” ainda é exibido por uma ou outra TV, embora nem de longe lembre o sucesso de outrora.

Também é inexplicável uma expedição espacial a cargo de um grupo para lá de atrapalhado. Mais compreensível é que eles tenham ficado “Perdidos no Espaço”. O grupo, que incluía um núcleo familiar e um certo Dr. Smith, não tinha como conseguir outro resultado.

Mas as tardes na TV eram mesmo indissociáveis da figura do Zorro. Ao contrário da praxe da época em que o vilão era sempre o bandido, o malfeitor, o Zorro era um fora da lei simpático, envolvido com boas causas o que tornava desculpável e excitante sua identidade oculta sob máscara e capa pretas. Manejava admiravelmente a espada. Já a lei era representada pelo Sargento Garcia que, entretanto, tinha uma boa fé do tamanho do seu próprio peso e, por isso, era levado por homens inescrupulosos a colocar a estrutura oficial a serviço de alguma trama e não intencionalmente se transformava em vilão. Mas um vilão até certo ponto inocente e, sobretudo, engraçado. O próprio Zorro ria de suas trapalhadas. No fundo, simpatizava com o corpulento militar. Eram clássicas as cenas do Sargento Garcia à frente de seus soldados, montados em vigorosos cavalos apenas menos ágeis que o cavalo branco do Zorro.  Para incentivar a tropa o comandante gritava: Peguem o Zorro! Peguem ele! Eu quero a máscara dele. Para em seguida lançar vago olhar para o horizonte e indagar de si para si mesmo: E eu quero? Para quê que eu quero? Distração à parte, Sargento Garcia e suas dúvidas poderiam ser uma boa alegoria para certos líderes atuais, públicos e privados.

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