OPINIÃO

IDENTIFICANDO A LEITURA

Por: MARIA JOSÉ ARAÚJO MELO DE SOUSA (cadeira 11)


Olá!

Eu sou a leitura! O meu nome vem do latim “Lectura” e significa, “Eleição”, “Escolha”, “Leitura”; no Latim mais arcaico “Legere”, “Colher”, “Escolher”, “Recolher”, (significados que provém da agricultura, mesmo), se referindo á retirada, do pé, dos melhores frutos, dos melhores cachos… Isso porque eu, a leitura, posso proporcionar uma colheita de utilidades e prazeres que acompanharão o leitor pra toda vida. Aqui vale a pena citar a expressão latina Legere Oculis, “ Colher com os olhos”. Realmente quem me aprecia, colhe bons frutos!…

Surgi da necessidade que os homens sentiam de sair apenas da oralidade, para transmitir seus conhecimentos, servindo-se das mensagens e suas diversas ferramentas, de acordo com a época, o tempo e o espaço.

Passei pelos homens das cavernas com os seus desenhos rupestres; os sumérios com os seus símbolos gráficos ( os pictogramas, os hieróglifos e a escrita alfabética). Dando um salto no tempo ( para não me tomar prolixa), a minha ascensão teve como marco o surgimento da Imprensa, com Guttemberg, 1440.  É lamentável o aparecimento tardio (da imprensa) no Brasil, pois ate o final do século XIX, havia 70% de pessoas não alfabetizadas. A nossa situação só veio se delinear a partir da segunda metade do século XIX, com a reivindicação da população e instalação da Imprensa.

Fui trabalhada por longos anos, apenas, como uma simples decodificação de signos.  Hoje, graças à psicolingüística, durante o meu processo de desenvolvimento, há quatro etapas:  Decodificação, compreensão, interpretação e retenção (Isso, segundo um pesquisador da minha historia, do meu comportamento, Cabral, 1986. Tenho que citá-lo, senão ele vai dizer que eu o estou plagiando!

Graças à habilidade adquirida por quem gosta de mim, dou suporte ao estudo de outras áreas de conhecimento, só para exemplificar:

– Em Matemática – Se realiza a leitura de sinais, números, enunciados de questões;

– Em Historia – Há a caracterização de uma época, um acontecimento, orientando o leitor, no sentido de compreender e fazer um paralelo entre a época estudada (o passado) e a realidade atual.

Enfim estou presente em todas as disciplinas curriculares, em todos os fatos, atitudes, ações, situações, em toda cultura: Na música, na dança, nas artes, no teatro.., Até na leitura digital mediada pela tela de um computador, na imponente tecnologia moderna…  (Sou atemporal)

Basta dizer que desde os primeiros momentos, no mundo, com a minha presença – EU, LEITURA SENSORIAL, já se percebiam as sensações de frio, calor, som e sua intensidade, a luz excessiva, os cheiros, os gostos; começa-se então, a compreender o que é e quem nos rodeia, nos cerca… ( Veja o comportamento dos recém nascidos!).

Já o EU, LEITURA EMOCIONAL,  lido com os sentimentos e faço com que as coisas escapem do controle do leitor e estes caiam nas armadilhas trançadas, no inconsciente: as situações, o ambiente, cenas, etc… E aquele (o leitor) seja levado a um processo de identificação no sentido de refreá-lo ou negá-lo. (Freud me explica muito bem, nos mecanismo de defesa!).

Leitura é coisa séria, dizem os intelectuais!

Cheguei, EU, LEITURA RACIONAL – “STATUS LETRADO”. Tenho caráter reflexivo e dinâmico. O meu leitor vai em busca da realidade do texto. Quem explica muito bem, nessa perspectiva, é Marilene Chauí, ao fazer um relato sobre a sua leitura e a leitura de sua faxineira, (proveniente do Nordeste), sobre uma estatua de barro nordestina, no qual (relato) frisa a diversidade no ver, no olhar, e da leitura de cada um de acordo com sua leitura de mundo.

Tenho objetivos, intenções, posturas e práticas diversas! O leitor me consulta para:

•  Se manter informado;

•  Por prazer, puro deleite;

•  Para estudo do texto;

•  Como pretexto.

Para não me prolongar mais (olhe a redundância), porque ficaríamos aqui horas e horas falando a meu respeito (sou mesmo importante… convencida!), pontuo Paulo Freire, 1981, quando diz:

“A leitura de mundo precede a leitura da palavra daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela”.

Faço parte do seu contexto, que seja de maneira verbal ou não verbal. Estou presente nos cinco sentidos (no ver, no ouvir, no tato, no paladar e no olfato), nas palavras, nos símbolos, nos gestos!

Para me ajudar quanto à expressividade e entonação, na leitura verbal, me sirvo dos sinais de pontuação: O ponto, a vírgula, o ponto e vírgula, a exclamação, a interrogação… Obrigada minhas companheiras pela ajuda.

Que a licença poética me permita e os gramáticos (Os Bechara, Ernani, Nicola, Geraldi e Cegalla) me perdoe, ao contradizer as normas, as regras gramaticais… Mas…

ME VALORIZEM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Maria José Araújo Melo de Sousa nasceu e sempre viveu em Mossoró, sendo Professora aposentada pela Secretaria de Educação, Cultura Desportos (SECD) do Estado do Rio Grande do Norte. Formada em Letras, pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) lecionou as disciplinas de Língua Portuguesa, Inglês e Literatura Brasileira.

Durante 23 anos lecionou e fez parte da equipe técnico-pedagógica do Colégio Diocesano Santa Luzia. Atuou no Programa Especial de Formação Profissional para a Educação Básica (PROFORMAÇÃO) da UERN, ministrando as disciplinas de Língua Portuguesa I, II e III, Semântica, Morfossintaxe I, II e III e Fundamentos Linguísticos para a Alfabetização, bem como, no 1º período do curso de Teologia da Diocese de Mossoró – CSIT e na Universidade Vale do Acaraú (UVA),

Como escritora é autora dos livros: Vidas e Vidas Vividas (contos em 1977) e a cidadela da alma (poesias em 2003).

É membro efetivo e uma das fundadoras da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense (AFLAM), ocupando a Cadeira nº 11, cuja patrona é Carolina Wanderley.

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