REPÓRTER ESSO

Era um típico programa de notícias pelo rádio nos anos 1940, no formato de várias edições de curta duração cada uma, ao longo do dia, o que mantinha o ouvinte atualizado com as últimas notícias a cada período, numa época muito distante dos atuais portais de internet que trazem, de modo instantâneo, tudo o que é considerado relevante. Naquele tempo, não obstante os fatos noticiados acontecerem em ritmo mais lento, uma notícia precisava ter um caráter excepcionalíssimo para motivar sua divulgação imediata, justificando uma edição extraordinária dos chamados noticiosos de qualquer emissora de rádio.

Assim foi o Repórter Esso por praticamente três décadas, 1941 a 1968. O programa, porém, acabou alcançando outra dimensão, a dos fenômenos de comunicação. Hoje é assunto de teses acadêmicas e trabalhos de conclusão de cursos, em todo Brasil. Até se disse que a guerra (a Segunda Guerra Mundial) acabou quando o Repórter Esso noticiou. Foi estendido do rádio para a TV com o mesmo nome e atingiu na televisão praticamente o mesmo status que tinha no rádio.

Seu tema musical de abertura e fechamento, rufar de tambores e acordes de metais que lembravam momentos épicos do cinema, ficou impresso na memória de várias gerações entre os que costumavam ouvir rádio. Vários anos após o noticiário ter saído do ar, presenciamos, durante uma palestra, o palestrante, a título de exemplo de memória coletiva, colocar a vinheta e desafiar os presentes a identificá-la. A resposta foi imediata e geral. De fato, era conhecida até do ouvinte incidental de rádio, aquele que o fazia por estar presente em ambiente onde houvesse um rádio ligado, no exato momento em que o locutor dava a hora certa e em seguida, com ênfase característica, iniciava a edição com a frase-bordão: “alô, alô, Repórter Esso, alô…”

O programa foi apresentando em algumas estações de rádio brasileira. Mas, o que o tornou conhecido foi o veiculado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. E por quê abordamos o assunto aqui, em que o propósito é resgatar a vida comum de Mossoró em determinado momento, fatos, locais e hábitos do cotidiano da cidade? É que com duas emissoras de rádio locais, na década de 1950, três a partir do início da de 1960, era comum, entre nós, ouvir-se emissoras “de fora” particularmente do Rio de Janeiro, mesmo não havendo, então, as redes nacionais hoje conhecidas. E esse noticiário era tão divulgado que, passado esse tempo, é bem possível que muita gente daqui pense que ouvia o Repórter Esso na Rádio Difusora ou na Tapuyo.

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