ARTIGO

UMA VIAGEM IMAGINÁRIA PELA SELVA DE PEDRAS

JOANA D´ARC FERNANDES COELHO  (Cadeira 21 da AFLAM)


 Sou uma Sílfide.  Sou uma personagem volátil, sou um ser mitológico do ar, sou alada. Os meus poderes controlam o ar e tenho liberdade espiritual.  Vivo nas selvas, nas matas, e me relaciono com os quatros elementos:  ar, fogo, terra e água, protegidos pela deusa Gaia, a deusa da Terra, mãe de todos os seres vivos.

Acreditem, amigos elementais, num dos meus passeios volantes, me perdi.  Não sei o que me aconteceu. De repente me vi transportada para um ambiente desconhecido, estranho! Pensei comigo mesma, não sei onde estou. Volateando, acho que cai no canal de um vento enfurecido que me trouxe a essa selva estranha, cheia de pedras. E, como guardiã do equilíbrio da natureza, frente a esse habitat desprovido da força dos elementos, me choquei bastante. Achei tudo tão árido, e, a impressão que tive é de que os elementos da natureza tinham se esvaído, desse ambiente. Tudo me surpreendeu e, me deixou extasiada. Incrível, o que vejo me dá arrepios. Não encontro árvores viçosas e preservadas no seu formato original, mas, podadas, moduladas, entre outras decepadas ou apenas o tronco de algumas, já sem vida, devido aos maus tratos de quem habita esse estranho espaço. E os rios de águas que não correm? O que vejo são águas estagnadas, sujas, assoreadas, envenenadas e, de alguns rios só existem os caminhos de areia.  Ah! Que tristeza me deu. Como é que os habitantes que povoam esse ambiente, conseguem viver sem a pureza e a preservação dos elementos da natureza? Nessa selva o ar é pesado, os rios não têm água, as árvores são poucas. E, por onde andam os pássaros? No meu voejar por essa Selva de Pedras, de edificações, procurei algo que me indicasse que naquele ambiente, tão esquisito, tinha vida. Continuei volitando rápido, de um lado para outro, para ver como se vive num espaço físico sem a preservação da natureza.  Voejando, em desvario, algo me chamou a atenção, naquele ambiente tão conturbado. Apurei o meu ouvido, e, ouvi o trinado de alguns pássaros. Surpresa, procurei-os nos galhos das poucas árvores que ainda resistiam à ação antrópica do homem, olhei para o firmamento e me deparei com a beleza das cores do arco-íris. Mas, não os encontrei.  Continuei volitando e encontrei um rouxinol e um bem-te-vi, nos fios dos postes de energia de rua. Pasmada me interroguei: como os pássaros ainda conseguem cantar num ambiente de tantos movimentos com os transeuntes circulando pelas ruas e calçadas sem sequer nota-los, o motor dos transportes poluindo o ar que se respira e provocando a poluição sonora?   Me deparei, então, com uma controvérsia: os seres vivos têm a capacidade de modificar o ambiente em que vivem, para melhorar a sobrevivência; mas, não foi o que vi.

Esquecem que Gaia tem organismo vivo. Tudo está alterado, e a natureza chora.


Joana D’arc Fernandes Coelho – Professora Titular Aposentada da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. É Pesquisadora, Palestrante e Escritora. É Assistente Social e Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente. É Membro das Entidades Afins Culturais: Instituto Cultural do Oeste Potiguar – ICOP, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, da Associação de Escritores Mossoroenses – ASCRIM, do Conselho Internacional dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes – CONINTER, da Associação Lítero Artística das Mulheres Potiguares – ALAMP, da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense – AFLAM e da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró – ACJUS. É Sócia Correspondente da Academia Apodiense de Letras – AAPL, da Academia de Letras e Artes de Martins – ALAM e da União Brasileira de Escritores UBE –RJ, além de Amiga do Museu do Sertão e Presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais-CMPC.

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