Ataques à CoronaVac prejudicaram imunização de brasileiros
Ao longo de 2020 e 2021 o crescimento no volume de atividades no Twitter teve como principal objetivo desqualificar o imunizante
Campanhas de ódio e disseminação de fake news contra a Coronavac nas redes sociais atrasaram o envio de insumos para o país e comprometeram a imunização dos brasileiros. É o que revela estudo da Universidade de São Paulo (USP) em parceira com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De acordo com o levantamento, o alcance e profundidade dos ataques do Presidente da República e de políticos à CoronaVac nas mídias sociais é maior do que se imaginava e pode afetar imunização no Brasil com fortalecimento de grupos anti-vacina.
Veja abaixo as principais conclusões do estudo:
# O maior volume de publicações no Twitter sobre a CoronaVac aconteceu em janeiro de 2021, quando se iniciou a vacinação no Brasil, onde a CoronaVac compôs a estratégia principal para imunização.
# Ao longo de 2020 e 2021 o crescimento no volume de atividades no Twitter sobre CoronaVac teve como principal objetivo o ataque à vacina. Entre 29 de setembro e 14 de novembro (semanas 39 a 46), aumenta a frequência de postagens no Twitter e os ataques à vacina.
# Dos 75 discursos analisados do Presidente Jair Bolsonaro, publicados na página do Planalto e que fazem referência à pandemia, 19 contêm referências às vacinas e à vacinação. Nos discursos, constam 4 referências diretas ou indiretas à CoronaVac e nestas mensagens a vacina é referenciada como “aquela vacina” de “aquele país”.
# Em seu perfil pessoal no Twitter e em sua página do Facebook, Jair Bolsonaro mencionou a CoronaVac para registar sua oposição à compra da vacina pelo Ministério de Saúde, e ao uso da mesma na população brasileira. O presidente se recusou, reiteradamente, a atribuir créditos ao governo do Estado de São Paulo, ou ainda utilizar o nome correto da vacina, CoronaVac.
# Influenciadores nas mídias sociais, deputados estaduais e federais tiveram uma atuação importante no debate digital ao publicarem postagens questionando a eficácia da vacina CoronaVac.
# Identificamos 5 atrasos nas entregas do IFA para produção de doses da CoronaVac vindo da China. A demora na chegada dos insumos se deve aos entraves nos embarques no aeroporto de Pequim e não a problemas na entrega da Sinovac ao Butantan. Em dois destes casos, as remessas não chegaram. Os dados demonstram que, além do atraso, houve um déficit de 7 mil litros de IFA nesse período, correspondente a 10,5 milhões de doses. Além disso, outros 4 mil litros ainda estão em trânsito para o Brasil.
# Utilizando o cronograma atualizado em fevereiro de 2021 pelo Ministério da Saúde e as entregas de IFA da China com atraso ao Instituto Butantan, há um déficit de 12 milhões de doses que já deveriam ter sido distribuídas ao SUS.