História

Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte completa 73 anos de existência

Biblioteca continua sendo marco para literatura, cultura e história de Mossoró

No dia 5 de abril de 1948 foi publicado o Decreto Executivo 4 que criou a Biblioteca Pública Municipal. Após 73 anos de sua criação, a Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte continua sendo marco para literatura, cultura e história de Mossoró. Na mesma data, a Prefeitura de Mossoró fundou o Museu Lauro da Escóssia, que também surgiu com a missão de guardar o rico acervo, além de proteger a memória e a cultura mossoroense.

O movimento cultural que deu início a essa história surgiu com a ideia da criação da Biblioteca Municipal. Ela foi sugerida pelo professor Vingt-un Rosado, durante o programa de governo municipal do irmão Dix-sept Rosado, em 1948.

Já eleito prefeito de Mossoró, Dix-sept Rosado dá o primeiro passo da criação ao publicar o Decreto Executivo, fundando a Biblioteca Pública Municipal de Mossoró. Meses depois, no dia 30 de setembro do mesmo ano, foi inaugurada a Biblioteca Municipal com o Museu Municipal de Mossoró.

“Começou com a candidatura de Dix-sept Rosado à Prefeitura de Mossoró. Para fazer o plano de governo, ele chamou Vingt-un, que disse que só fazia o plano se ele criasse uma biblioteca. Por enquanto não se falava em museu. Só biblioteca. Quando ele venceu a eleição e tomou posse, publicou o Decreto de criação. Vingt-un cuidou do restante: ir atrás de livros e de pessoas interessadas em reforçar o que ele chamou de Batalha da Cultura, que veio aí a ideia de se criar o museu também. A princípio era só biblioteca, que foi criada no dia 5 de abril de 1948. Criou-se um mutirão para doação e recebimento de livros. Padre Motta doou uns 300 livros. O Clube Ipiranga doou a própria biblioteca deles, inclusive, a primeira sede foi no térreo do Clube Ipiranga”, contou Eriberto Monteiro, um dos funcionários mais antigos da Biblioteca Municipal e que atua no processo de reestruturação da Coleção Mossoroense.

Até chegar ao antigo prédio da União Caixeiral, atual sede, a Biblioteca Municipal teve várias casas. Inicialmente, ela foi fundada no antigo prédio do Clube Ipiranga, que ficava localizado onde funciona a Associação Cultural e Esportiva Universitária (ACEU). Por um período, a biblioteca funcionou no prédio onde hoje existe a Foto Rodrigues na Rua 30 de Setembro, mas depois foi transferida para a antiga cadeia pública da cidade, onde hoje funciona o Museu. Ela funcionou também em imóveis na Praça do Codó e Avenida Dix-sept Rosado, no Centro. Foram cinco sedes até 15 de julho de 2006, quando a Biblioteca Municipal chegou ao prédio histórico da União Caixeiral, na Praça da Redenção, no Centro de Mossoró.

O primeiro acervo da Biblioteca Municipal tinha pouco mais de mil obras. Porém, logo foram incorporados ao acervo mais livros, volumes e periódicos. Uma das mais expressivas doações foi feita pelo patrono Ney Pontes Duarte, um militar aposentado detentor de um grande acervo cultural. Além de doar o próprio acervo, Ney Pontes ainda comprava livros para fazer mais doações, chegando a doar mais de 4 mil livros de vários temas. Em 1996, as doações de Ney Pontes Duarte foram reconhecidas e a Biblioteca Municipal recebeu o seu nome.

Gerações

Nas últimas sete décadas, os livros da Biblioteca Municipal levaram conhecimento para várias gerações de mossoroenses. Do passado de principal fonte de pesquisa em Mossoró, a Biblioteca Ney Pontes sobreviveu às mudanças tecnológicas que acabaram distanciando os frequentadores. Entretanto, várias ações são articuladas pela Prefeitura de Mossoró para atrair os jovens ao importante espaço de conhecimento da cidade. Os projetos serão colocados em prática assim que a pandemia da Covid-19 permitir.

“Quando veio para União Caixeiral, no dia 15 de julho de 2006, não tinha essa febre do livro digital. Ainda tem aquelas pessoas que gostam do papel. Na internet ainda é tudo muito superficial. Se você fizer a comparação da informação, é superficial. Algumas informações até com erros. No livro, o autor passou um período para pesquisar. O espaço infantil na biblioteca é justamente para criar o hábito da criança de ler e isso é importante em qualquer sociedade civilizada. Aqui, os olhos da sociedade têm que ser esse acervo infantil, exatamente para que a sociedade traga suas crianças. A gente tem que conscientizar os pais da importância do livro da biblioteca para que seus filhos retirem da sua vida um pouco do celular, do computador e do tablet, dos aparelhos tecnológicos. Um livro é algo que não apenas você ler, mas você cria, imagina e conhece”, destacou Eriberto Monteiro, que também é professor e poeta.

“Mossoró tem o maior patrimônio cultural do Brasil em que o embrião dele foi exatamente a Biblioteca Municipal, chama-se Coleção Mossoroense. A Coleção Mossoroense é o maior movimento cultural do Brasil e algo para ser valorizado por todos, leigo ou não. Um orgulho para a nossa cidade. A Coleção Mossoroense conta hoje com mais de 5 mil títulos de publicações”, ressaltou o coordenador e editor da Coleção Mossoroense, Eriberto Monteiro.

Nova casa da cultura

Em 2021, a Biblioteca Municipal se tornou ainda mais o berço da cultura mossoroense, quando a Secretaria Municipal de Cultura foi transferida do Centro Administrativo da Cidadania Prefeito Alcides Belo para a Biblioteca Ney Pontes Duarte. A mudança aproxima a classe artística do município e promove mais acesso às iniciativas culturais da Prefeitura de Mossoró.

“O nosso objetivo é deixar a Secretaria de Cultura em um equipamento de cultura. Visitamos todos os equipamentos e o local que nós achamos mais apropriado, no momento, foi a Biblioteca Ney Pontes Duarte. O objetivo principal é a gente estar em um espaço onde os fazedores e fazedoras de arte e cultura tenham acesso com mais facilidade. Estamos no Centro com a facilidade de deslocamento de transporte coletivo. Então, o objetivo é a secretaria estar mais junto e próximo dos fazedores de arte e cultura do município. Nós estaremos sempre aqui de portas abertas para recebê-los nesse espaço da Secretaria de Cultura para que todos possam vir aqui dialogar, propor, sugerir e construir conosco a cultura do município”, afirmou o secretário de Cultura, Etevaldo Almeida.

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