Entrevista

Conversa da Semana com Rodrigo Sérgio

O Portal do RN retoma – e finaliza – hoje a série de entrevistas com os candidatos a reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa). As entrevistas anteriores feitas ainda na pré-campanha. Naquele momento, o professor Rodrigo Sérgio, nosso entrevistado de hoje, ainda não tinha decidido de forma definitiva sobre colocar seu nome para a consulta, solicitando que gostaria de responder às nossas perguntas apenas quando confirmasse a inscrição, o que aconteceu agora. Conheça o perfil do professor, suas opiniões e propostas para a Ufersa.

Por Márcio Alexandre

PORTAL DO RN – Gostaria que iniciássemos essa conversa com o senhor se apresentando aos nossos leitores e à comunidade ufersiana.

RODRIGO SÉRGIO – Sou Rodrigo Sérgio, sou doutor em Direito, também sou agrônomo, tenho mestrado em Engenharia Agrícola. Fui aluno da então Esam de 1994 a 1996, onde fiz metade do meu curso, depois transferi para a UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Fui assessor jurídico na Reitoria, pró-reitor de Extensão, por duas gestões; pró-reitor de assuntos estudantis em outra gestão, fui presidente da Fundação Guimarães Duque por 4 anos. Então ao longo desse tempo de casa como aluno e depois voltando como docente, nós aprendemos muito nesse período e a universidade vive hoje um momento de transição, uma gestão que está encerrando 8 anos, depois de uma outra que foi 8 anos. Nesse momento específico da história da humanidade, nós estamos vivendo um momento singular, então a universidade terá muitos desafios para enfrentar e vai precisar de alguém capacitado, minimamente capacitado para esse cargo. Sem essa experiência da gestão superior e de articulação, de desenvolver projetos interessantes para a universidade, sabendo conduzir a máquina administrativa, a universidade ela representa um orçamento significativo no Rio Grande do Norte, uma quantidade de pessoas que ela emprega, então ela tem muita responsabilidade envolvida, e não pode ser utilizada para promoção pessoal, tem que ter vocação, tem que ter estar preparado, tem que estar no momento adequado, e a comunidade entende isso. A gente depende da comunidade. E a comunidade de forma democrática é quem vai dizer quem é aquele que tem a condição mínima adquirida para a  lista tríplice.

PRN – E quais as suas motivações para participar dessa consulta?

RS – Primeiro esse processo democrático é a primeira consulta da universidade com 5 candidatos. Segundo, tenho boas expectativas desse processo. Nós vivemos um momento muito delicado da história da humanidade com essa pandemia terrível, tirando vida no mundo interior e não está sendo diferente em nosso país. Com o calendário acadêmico suspenso, perdeu-se um pouco daquele brilho quando você tem o calor humano, conversa direto com as pessoas, nos seus locais de debate, mas por outro lado a tecnologia nos permitiu iniciar um amplo debate com a comunidade acadêmica por meio do google meet temos feito reuniões, debates por meio das plataformas digitais, e a expectativa é muito boa para a gente se tornar vencedores nessa disputa.

Fomos exonerados da gestão, e tivemos que assumir a posição contrária da candidatura da gestão formando uma candidatura de oposição.

PRN – Dos 5 candidatos, 3 participaram da gestão do atual reitor, inclusive o senhor. Isso é apenas uma coincidência?

RS – Olhe, quando se discutiu o processo sucessório ano passado, a partir mais ou menos de outubro, quando a gestão começou a pensar um candidato, a gestão tinha uma candidato, que depois deu uma recuada, e o reitor atual apresentou outro candidato. Então, eu , entendendo a bagagem que tenho na universidade, o tempo de gestão, 13 anos à frente da gestão superior da universidade, entendíamos que era o momento, pela motivação, que nós estamos, de disputar a reitoria. Obviamente que não aceitamos, discordamos, fizemos algumas críticas, fomos exonerados da gestão, e tivemos que assumir a posição contrária da candidatura da gestão formando uma candidatura de oposição. Um outro colega que também saiu da gestão, ele tem que falar por ele, mas são candidaturas bem diferentes. Nossa candidatura é de oposição e não posso falar das outras candidaturas. Cada um que coloque seu discurso aí.

Não pretendo tomar nenhuma medida contrária à regularidade do processo, apesar de reconhecer as fragilidades.

PRN – Como o senhor falou e é de conhecimento público, a consulta será feita de forma remota. Teve candidato que já disse publicamente não concordar. O que o senhor achar de a consulta ser on line?

RS – Nós vivemos num Estado Democrático de Direito e eu respeito as decisões tomadas por órgãos  dos colegiados. Nossa universidade, o Conselho Universitário (Consuni) tomou a decisão de fazer o processo mesmo à distância, por causa da pandemia, sem a participação dos eleitores, que são os docentes, os discentes e o corpo técnico-administrativo de forma presencial. Tinha um parecer da Procuradoria contrário a essa consulta, depois foi feito um pedido de reconsideração e nós colocamos, fizemos inclusive alguns questionamentos nesse sentido. Nós estamos pela primeira vez implantando na universidade o SIGEleição e logo numa consulta para reitor. Já foi testado na UFRN. Aconteceram essa semana duas consultas para os campi de Caraúbas e Angicos utilizando esse sistema. Então já é uma realidade. Dia 15 acontece a consulta, está todo mundo em campanha aberta. Não acredito que haverá mudança nesse cenário. Particularmente não pretendo tomar nenhuma medida apesar de o processo ter algumas fragilidades, não pretendo tomar nenhuma medida contrária à regularidade do processo, apesar de reconhecer as fragilidades, aquela que já se discute sobre a urna eletrônica. O voto é secreto mas tem um bom argumento que a apuração deve ser pública porque é um ato administrativo. Então o voto é secreto, eu não quero saber a totalidade dos votos, eu quero saber se cada voto eu posso apurar individualmente. O voto eletrônico, seja por qualquer meio, deixa essa fragilidade. A urna eletrônica alega-se que tem a segurança da intranet. O nosso é transmitido pela internet. Mas é um processo que já vem sendo implantado em outras instituições. São apenas essas considerações de ordem técnicas mesmo.

PRN – A consulta é para montagem da lista e há a prerrogativa do presidente de nomear qualquer um, independente da colocação no processo. Vale a pena mesmo assim?

RS – Vale a pena. Primeiro, desde 1978 nós temos a instituição da lista tríplice nas instituições federais de ensino superior. Ocorreram algumas alterações mas sempre se manteve a lista tríplice. A lista tríplice sempre ocorreu em diversas escolhas, em tribunais, no Ministério Público, ou seja, é comum, faz parte do processo democrático. No nosso caso, de 704 docentes 5 se colocaram na disputa, já é uma participação democrática importante e desses apenas 3 serão encaminhados na lista tríplice para a escolha livre do presidente da República.

Não concordamos com qualquer outra forma  fora da lista tríplice.

PRN – Pode existir a possibilidade de o presidente escolher alguém de fora dessa lista, a exemplo do que aconteceu no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)?

RS – Olha, na Ufersa não vejo esse risco porque no estatuto da Ufersa, no artigo 42, parágrafo 4º, ele diz claramente que na vacância do reitor, por qualquer motivo, assume o professor-doutor mais antigo. Então eu não acredito que ao final desse processo, das pessoas que se colocaram como candidatos aqueles que se saírem derrotados não vão buscar outra via fora da lista tríplice porque se fizer isso a comunidade acadêmica não deve apoiar. A lista tríplice é uma coisa legal, isso aí não cabe discussão, a consulta é para lista tríplice para indicação do cargo de reitor. Não concordamos com qualquer outra forma  fora da lista tríplice.

A gente tem que focar nas pessoas na satisfação do servidor, e não apenas na questão de normatização e fluxo de processos.

PRN – Professor, nos apresente algumas das suas propostas.

RS – Para o segmento docente, valorizar a carreira docente, com muita ênfase. Dentro da carreira docente poderíamos elencar reuniões periódicas  com esses docentes nos cursos de graduação, onde eles se encontram; a gente fazer reuniões nos centros, a universidade tem 4 campi, sendo 3 fora da sede, e que o reitor na nossa gestão possa ir diretamente a cada centro desses, se reunir com os docentes nos cursos, com a direção, conversar diretamente, e também tomar um cafezinho, onde a gente possa circular de forma livre, ouvindo a comunidade para aquelas demandas que não chegam jamais à Reitoria. Vamos aos centros em 3 momentos diferentes: reunião com os cursos, reuniões com a parte administrativa, e reuniões com a comunidade em geral. Nós também temos um projeto inovador, o Tecnoufersa, o Parque Tecnológico da Ufersa. A gente precisa trazer esse importante projeto da universidade para que sejamos um importante polo de transferência de tecnologias, pois a Ufersa está sediada na capital do semiárido, que é Mossoró, assim definida pela lei 13.568, de 2017. Então nós temos uma missão, nós temos um desafio que é tentar desenvolver pesquisas que resolvam problemas no entorno da universidade voltada para nossa região. Nós poderíamos falar também na questão administrativa Nós vamos retirar o carro exclusivo do reitor, acho que hoje a pessoa pode trabalhar no seu carro, a universidade como qualquer docente, qualquer pessoa, como o pró-reitor, por exemplo, pode se deslocar, no seu próprio veículo. Vamos retirar os celulares institucionais. Vamos tentar manter os valores praticados hoje no Restaurante Universitário. Vamos aumentar as bolsas dos estudantes pois já tem um tempo que elas estão no mesmo valor. Vamos permitir que os documentos dos alunos que irão participar dos processos seletivos possam ser entregues de forma digital, isso é muito importante para os discentes. Com relação aos servidores a gente vai valorizar aquele sentimento do servidor de se sentir Ufersa, uma coisa importante, ter um bom ambiente de trabalho. O servidor tem que se sentir valorizado no seu ambiente de trabalho. A gente tem que focar nas pessoas na satisfação do servidor, e não apenas na questão de normatização e fluxo de processos. A gente tem que focar na satisfação do servidor.

PRN – O MEC contingenciou os recursos para as universidades e institutos federais ano passado. Como é que o senhor analisa a política educacional do atual governo, especialmente para as instituições de ensino superior?

RS – Olha, no ano passado, como em vários anos anteriores, nós tivemos um contingenciamento e ao final do ano praticamente todos os recursos foram liberados. É importante frisar. Acho que a forma de comunicação do contingenciamento, que pareceu como um corte, então aquilo não pegou bem, mas aconteceu de fato um contingenciamento, como você bem disse, e ao final do ano todo o recurso foi liberado, pelo menos para a nossa universidade foi liberado. Pra esse ano, inclusive o MEC (Ministério da Educação e Cultura) já avisou por ofício que do orçamento total seriam cortados 12,7 bilhões, mas isso lá no Congresso e já encaminhou para as universidades que não realizassem novas despesas para esse ano, inclusive contratação de professores-substitutos, e algumas universidades estão evitando. A pandemia vai onerar o Estado, pelo que foi divulgado aí, em R$ 1 trilhão, e R$ 1 trilhão é muita coisa para o governo. Por outro lado, como as universidades estão tendo uma redução de despesas, nesse ano, nesse período, em relação a despesas com transporte, com passagem, com água, com energia, auxílio-transporte, acreditamos que não teremos dificuldade de concluir esse ano na questão do aspecto financeiro.

PRN – Na sua opinião, o que é que a Ufersa tem de melhor?

RS – O que a Ufersa tem de melhor são os seus servidores. Percebo que os servidores da universidade vestem a camisa, desde a Esam, e a Esam é um patrimônio importante aqui para Mossoró, para o semiárido, e que foi transformada em Ufersa pela lei 11.155. de 2005, naquele momento foi um marco muito importante para o semiárido, e ela tem programas hoje, tem 45 cursos de graduação.

PRN – E qual a a fragilidade que o senhor observa e com a qual pretende contribuir com o seu conhecimento, sua competência, para superá-la?

RS – Nós estamos apresentando o projeto A Ufersa do Futuro, com a inovação de processos, com a digitalização de todos os processos da universidade, todos os documentos para os alunos, até emissão de diplomas. Nós queremos pegar nossos servidores que tenham potencial de resolver problemas da universidade, temos excelentes professores de diversos cursos, aproveitar esse nosso pessoal para trazer inovações para nossa universidade. A universidade, ao meu sentir, ela precisa estar mais presente ao seu entorno, temos escutado isso da comunidade, desenvolver pesquisas focadas para a região do semiárido. Nós já temos uma área importante do agro, nós formamos mão-de-obra. Nosso curso de Agronomia já é bem antigo e consolidado na região, mas nós precisamos envolver os demais cursos da universidade. Nós temos um potencial tecnológico muito bom também.

PRN – O catálogo de cursos que a Ufersa tem hoje atende às demandas da região ou é necessário criar algum outro?

RS – A universidade tem 4 campi, 45 cursos de graduação, 19 pós, tem aproximadamente 11 mil alunos e só vejo hoje, inclusive por demanda da própria comunidade de campi do interior, e colocamos isso no nosso projeto, a questão de cursos de licenciatura voltados para a formação de professores, mas isso fora da sede. Aqui na sede nós entendemos que os cursos que temos precisamos consolidar o que falta ainda para eles, estrutura de laboratório, material de apoio para ensino e pesquisa. Entendemos que não é o momento de discutir cursos para a sede. Temos apena a proposta de formação de professores para campi do interior.

PRN – Sua mensagem final.

RS – Gostaria de agradecer ao Portal do RN essa oportunidade que está nos dando para apresentar nossas propostas. A nossa eleição acontecerá dia 15, das 8h às 19h59, peço por ventura que aqueles que receberem o conteúdo dessa reportagem – e com certeza muita gente vai receber – ,  lembre-se de votar no dia 15 em Rodrigo Sérgio, número 72, e que indicará como vice o professor Edwin Barreto. O professor Edwin Barreto é chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, do Centro de Engenharias, e está trazendo sua experiência para somar na nossa gestão.

 

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