Inclusão

Lugar de autista é em todos os espaços

Dia mundial de Conscientização sobre o Autismo chama a atenção para a importância da inclusão

Hoje, 2 de abril, data celebrada mundialmente. Apesar de nos dias atuais o autismo ser um transtorno já conhecido da grande parte da população, muitos ainda não têm dimensão da proporção que ele causa. Em pesquisa recente nos EUA, estima-se que exista 1 autista para cada 44 nascimentos. É uma dimensão assustadora e devastadora se imaginarmos que esse número tende sempre a cair.

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada década são levantados dados essenciais para políticas governamentais. De acordo com o último levantamento, realizado em 2010, foi estimada uma população de 45 milhões de pessoas com deficiência e uma subnotificação (sem dados precisos) de 2 milhões de brasileiros com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dados de muita importância para que sejam elaboradas políticas públicas vislumbrando melhorias em áreas como saúde, educação e assistência social.

Desde que a data da conscientização foi criada, em 2 de abril de 2007, é destinada uma série de programações e manifestações ligadas à causa autista. Relevada a importância, assim como o Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul, esta cor predomina roupas, cartazes e luzes misturada a um quebra-cabeças envolto a muitas dúvidas.

A pedagoga Rafaela Gurgel Mendes, mãe de uma criança autista, vem atuando na causa e se tornando referência quando o assunto é autismo. Munida de experiência própria, a educadora vem compartilhando com outras mães o seu dia a dia com o filho e incentivando os pais a lutarem, assim como ela, por melhorias e políticas públicas que venham a atender ao público autista. “Quando eu descobri que meu filho tinha autismo, foi um choque tanto para mim quanto para meu esposo, mas desde então estamos lutando para garantir que nosso filho tenha direito a viver como qualquer outra criança”, declarou Rafaela.

A exemplo de muitas outras mães e pais, Rafaela se utiliza de uma “arma” que vem se mostrando muito eficiente contra o preconceito em relação ao autismo. O amor. Em busca de melhorias, de direitos e de atender a todas as necessidades de seu filho, Rafaela hoje escreve artigos e compartilha sua luta com outras famílias. “O meu filho é uma bênção em nossas vidas, ele tem nos ensinado muito e é para nós o nosso super-herói”, concluiu.

Rafaela acrescenta que o autismo tem sua dualidade natural, e explica que o autismo do seu filho a ensinou a ela a capacidade de enxergar pequenas coisas com muito valor, amizades verdadeiras, a controlar a paciência, amor incondicional em sua totalidade e o fator mais significante: a resiliência emocional e cotidiana. “Tive que me refazer diante de muitos cenários. O lado ruim é bem semelhante os percalços da vida: preconceito, muitos medos e incertezas”, comentou.

LUGAR DE AUTISTA É EM TODOS LUGAR – “Se o lugar de autista é em todo lugar, como rege a campanha deste ano, o que estamos fazendo enquanto sociedade para incluí-los de verdade?”. Essa é uma pergunta feita por Rafaela que representa o questionamento de muitas outras mães e pais. Onde o autista pode estar: Praticando esportes em locais públicos; Se divertindo no parque; Fazendo amigos na praça; Indo a festas de aniversário; Viajando; Assistindo ao seu time no estádio; Na natação; Frequentando a escola regular; No palco se apresentando. Na fase adulta: Namorando; Casando e tendo filhos. (Matéria retirada de artigo de Rafaela Gurgel Mendes).

Caps I e CER IV oferecem serviços especializados para autistas

A Prefeitura de Mossoró, através da Secretaria Municipal de Saúde, vem destinando atenção especial ao setor de saúde mental no município. A contratação de profissionais especializados, como é o caso do neuropediatra contratado para realizar os atendimentos no Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), é um dos investimentos destinados ao setor na cidade.

Entre os serviços destinados ao setor de saúde mental, o trabalho realizado no Centro de Atenção Psicossocial Infantil de Mossoró (CAPS I) vem se destacando também como uma opção para crianças e adolescentes que tem autismo. De acordo com a diretora da unidade Erika Vanessa Silva, mais de 60% das crianças e adolescentes que fazem tratamentos no Caps I, tem como diagnóstico o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O município disponibiliza duas unidades para atendimento especializado à criança e adolescente, o CER, localizado no bairro Santo Antônio e o Caps I localizado no bairro Nova Betânia. “O meu filho é atendido aqui no Caps I e quando ele começou o tratamento foi diagnosticado com autismo no nível grave e a assistência que ele recebe aqui da equipe multidisciplinar tem contribuído muito e hoje o autismo dele já é moderado. Percebo uma grande evolução na conquista dele por autonomia”. O depoimento é de Sidney Márcio Barroso, pai de criança autista.

A história de Sidney com o filho, hoje com 11 anos, adotado ainda muito pequeno, chama a atenção dos demais pais e mães de crianças e adolescentes que fazem tratamento nas unidades da SMS. Sidney conta que quando o filho tinha 2 anos e 8 meses foi diagnosticado com autismo. Então, ele parou de trabalhar para se dedicar ao tratamento do filho. “O autista precisa de três coisas para se desenvolver: terapia, escola e atenção da família. Por isso, eu decidi parar de trabalhar para ajudar no desenvolvimento dele”, relatou.

A Coordenadoria Municipal de Saúde Mental de Mossoró, Kaliana Fenandes reforça a importância dos serviços oferecidos pelo Município no tratamento de crianças e adolescentes com TEA. “O Caps Infantil e o CER IV são unidades de referência no tratamento do autismo aqui em Mossoró. Por isso, é importante que os pais fiquem atentos aos sinais que possam apontar algum comprometimento no desenvolvimento da criança, por que quanto mais cedo o autismo for detectado melhor é o desenvolvimento a partir do tratamento”, destacou Kaliana.

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