Minha Opinião

Fogo na floresta e óleo no litoral do nordeste

O ano de 2019 não tem sido fácil para o(a)s brasileiro(a)s, a verificar pelas mudanças ou continuidade de mudanças efetuadas pelo governo federal, algumas em sintonia com os governos dos Estados: reforma trabalhista, reforma da previdência, intervenção nas universidades públicas federais, congelamento de verbas públicas, privatizações, desmanche da Petrobras, entrega do pré-sal, das tragédias como Brumadinho, fogo na floresta e agora, óleo no mar do Nordeste.

Sobre as questões ambientais, podemos apontar o governo como único culpado? Claro que não. De Brumadinho aos meus pés sujos de óleo na praia de Tibau/RN existem muitas trilhas a percorrer para se compreender o momento agonizante do meio ambiente no Brasil.

Eximir o governo de sua responsabilidade total sobre os desastres não o exime da responsabilidade sobre a insistência em afrouxar as leis em nome do capital privado. Bolsonaro demonstrou desde a campanha presidencial sua posição em relação a política ambiental. Seu discurso efetivou-se com sua posse quando iniciou o desmanche do Art. 225 da CF que determina que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Dentre as medidas governamentais podemos citar o enfraquecimento do ministério do meio ambiente, que seria extinto pelo governo, revisão das unidades de preservação, fim das reservas legais, freio na fiscalização, dentre outras medidas, propostas em andamento ou discursos de aliados sem que sejam rebatidos pelo governo.

Se o governo age assim, como deve agir a(o) cidadã(o) ou a(o) empresária(o) que só pensa em si e pouco se preocupa com a preservação do meio ambiente? Se acham no direito de também poluir, se o governo não se preocupa, porque terão que se preocupar.

E por falar em preservação, discurso, ação, reação, medidas, etc. ainda estou esperando as vozes em defesa das praias do Nordeste. Excetuando-se nós – nordestinos -, algumas ONGs e vozes isoladas em outros estados do Brasil, não vi nenhuma ação emergencial e eficaz por parte do governo federal, nenhum chefe de Estado europeu comprando a briga, nenhuma reunião extraordinária da ONU.

O Nordeste sempre acusado injustamente de ser atrasado e indolente, sofre mais uma vez com o descaso do governo e dos políticos que se calam e olham para o outro lado. O presidente Jair Bolsonaro, que em outras ocasiões já ofendeu os nordestinos com discurso racista, ainda não se dignou a ir ao local dessa nova catástrofe ambiental em solidariedade aos que sofrem com o desastre.

Enquanto assistimos trocas de acusações entre governo federal e ONGs, o óleo avança e o desastre ambiental se amplia. E as consequências para a economia da região, quem vai pagar pelo prejuízo?

As festas de final de ano e as férias escolares estão batendo às portas. O consumo nas praias, hotéis, vendedore(a)s ambulantes, pescadore(a)s, barraqueiro(a)s. Todo(a)s vivem da exploração do nosso litoral. Quem garantirá que os produtos provenientes do mar não afetarão a saúde do(a)s frequentadore(a)s das praias?

Com a palavra as autoridades.

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